Em assembleia geral realizada na manhã de ontem, 23 de janeiro, no anfiteatro da reitoria, trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação da UFJF elegeram as delegadas e delegados que representarão a categoria na próxima Plenária Nacional da Fasubra, em Brasília. Foram duas chapas inscritas, chapa 1 (tribo/unir) e chapa 2 (Avante). Cada uma teve 5 minutos para defesa.
Representada pela coordenadora geral do Sintufejuf, Maria Angela Costa, por ordem de sorteio, a chapa “Avante” foi a primeira. Para ela, é preciso colocar em evidência os ataques do governo. Segundo Maria Angela, a Chapa Avante pretende, junto com os companheiros, discutir os enfrentamentos a esses ataques, além de trocar energia e compartilhar das angústias que estão presentes na maioria da classe trabalhadora, toda vez que percebe alguma ameaça do governo. “A gente sabe que esse não gosta de funcionário público, e por isso, é uma ameaça à autonomia das universidades. É necessário fazer uma discussão aprofundada do que está se abatendo sobre nós” afirma. Maria Angela lembra que durante o discurso em Davos, na Suíça, o presidente eleito fala do orgulho pelo crescimento da extrema direita, além de rechaçar a esquerda. “Devemos traçar a linha de luta que a gente deverá ter daqui para frente, contra a retirada de direitos e contra os preconceitos, como homofobia, machismo e racismo, principalmente discutir a unidade e a nossa participação em peso nas mobilizações. Esta é a principal tarefa desta plenária”, defende a coordenadora.
O técnico-administrativo Paulo Dimas de Castro falou em defesa da Chapa Tribo/Unir, dividindo seu tempo com o aposentado Rogério Silva. Para Paulo, a plenária é importante para discutir a conjuntura nacional, mas também política salarial, uma vez que o categoria já está no terceiro ano sem reajuste. “Quem é mais antigo lembra dos 8 anos de FHC (Fernando Henrique Cardoso). Devemos debater a campanha salarial. Se a gente não lutar pela campanha, vamos ficar presos somente na discussão de outros assuntos e deixar a campanha de lado”. Lutar pela campanha salarial e contra a reforma da previdência. Paulo Dimas alerta que com o novo congresso que se inicia em fevereiro, será retomada a discussão da reforma.
Rogério defende a necessidade de cobrar a data base enquanto prioridade. Se a gente tiver database, a gente tem aumento. Se não tiver a database, eles vão enrolar e não teremos aumento”. Rogério fala também sobre a importância da participação da militância nos movimentos sociais.
Após as falas, foi aberta a votação. Pela proporção, cada chapa terá direito a enviar uma delegada ou delegado. Desta forma, a Chapa Avante indicou Paulo Victor Cota (titular) e Felipe Santos (suplente), e a Tribo/unir indicou Rogério Silva (titular) e Rosangela Frizzero (suplente). Indicada pela direção do Sintufejuf, Luana Lombardi foi referendada pela categoria, e como suplente, o coordenador geral Flávio Sereno. A quarta vaga será decidida em Governador Valadares. O Sintufejuf também representa o IF Sudeste MG (campus juiz de fora e reitoria, que também elegerá uma delegada ou delegado.
Categoria escolhe membros para comissões
Além da escolha de delegadas e delegados para a Plenária, a assembleia também elegeu membros para as comissões de heteroidentificação para negros e indígenas e do Proquali. A primeira é responsável por trabalhar na verificação da veracidade da autodeclaração racial dos candidatos. A coordenadora Maria Angela explicou que a comissão já existe e é composta pelo técnico-administrativo Rogério Silva e pelas técnico-administrativas Eliane Silva e Elaine Damasceno. Em reunião do GT Antirracismo realizada no dia 22, foi proposto que os nomes fossem mantidos e apresentados para referendo da assembleia. Desta forma, em votação, a categoria concordou com a proposta do GT , por unanimidade.
Em relação a escolha de membros para a Comissão do Proquali, o coordenador de Organização e Política Sindical, Igor Coelho, explicou que a Comissão possui duas cadeiras titulares para TAEs e duas suplentes, estando atualmente uma titular e duas suplentes ociosas, havendo então a necessidade de escolher três membros para ocuparem essas cadeiras. O coordenador de Comunicação Marcio Sá Fortes, se dispôs a ocupar a vaga de titular, a técnico-administrativa Maria Elizeth Helpes de Castro e o técnico-administrativo Fábio Dias, se candidatam às duas vagas de suplentes. Os três nomes também foram referendados pela assembleia.
Delegadas e delegados realizam relato da Plenária da Fasubra que ocorreu em dezembro
Mediada pelo coordenador Geral do Sintufejuf e a coordenadora de Saúde Luana Lombardi, a assembleia teve início com os relatos da Plenária Nacional da Fasubra, que ocorreu em dezembro de 2018.
Flavio Sereno destacou que a Plenária de Dezembro pela primeira vez contou a participação de um delegado representando o IF Sudeste, tendo sido indicado em assembleia o técnico-administrativo Sandro Teófilo. Representando as trabalhadoras e trabalhadores do campus avançado de Governador Valadares, participou Alessandra Efrem, e pelo Campus de Juiz de Fora participaram Flávio Sereno, Igor Coelho e Paulo Dimas de Castro. A coordenadora Geral do Sintufejuf Maria Angela Costa, esteve presente na plenária enquanto coordenadora da Fasubra. Ela foi indicada também para a reunião nacional, a realizada no dia 10(dez) de dezembro, na sede da Fasubra, em Brasília-DF, para pensar coletivamente o calendário de 2019, e dentro dele, o Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora da Federação .
O técnico-administrativo da faculdade de Farmácia Paulo Dimas de Castro foi o primeiro a fazer o relato. Segundo ele, durante a Plenária foi chamada a unidade da esquerda. Ele destacou que foi realizado um levantamento, e cerca de 40% da categoria votou no presidente eleito, Jair Bolsonaro. Paulo Dimas afirma que a plenária teve início com os relatos dos coordenadores de cada pasta. A coordenação de aposentados questionou como será feito o reposicionamento dos aposentados. Existe a preocupação de acontecer semelhante ao que vem acontecendo na Universidade Federal de Santa Maria, em que será feito retroativo, e o aposentado terá que devolver o que já recebeu. No entanto, Paulo destaca que apesar da preocupação, na UFJF está dando certo.
Outro ponto levantado por Paulo, foram os cortes de insalubridade de 86% de trabalhadores. O trabalhador da farmácia destaca que a plenária discutiu também questões relacionadas às cotas para negros e indígenas, ressaltando a necessidade de haver outros tipos de auxílio como transporte, moradia e bolsas, para que o ingressante na universidade consiga se manter.
A pauta LGBT também foi discutida na Plenária. Segundo Dimas, haverá um encontro nacional em junho, e a federação solicita o envio de sugestões.
Ele lembrou também que a próxima Plenária estava prevista para acontecer após o Carnaval, no entanto, diante da necessidade de discutir a pauta nacional, foi antecipada para fevereiro. “O centro de discussões em Brasília gira em torno do que vai acontecer este ano, sem perspectiva de aumento, ameaça de acabar com as centrais sindicais, partidos políticos e sindicatos. Perseguição a dirigentes sindicais e partidos políticos. Daqui para frente é preciso tomar cuidado, pois a ditadura já voltou” afirma. Para Paulo, tema chave da próxima Plenária é a unidade. “A unidade tem que ser geral, respeitar no geral, para defender nosso emprego, nosso partido político e nossa federação” opina.
Igor Coelho destacou a importância em não deixar o governo impor as pautas da categoria. “Nossa estratégia deverá ser não ficar somente na defensiva. Lutar por ganhos não só financeiros, mas valorização do trabalho e do serviço público”. Para ele, é necessário através do ativismo sindical, derrotar a instrução normativa 02. Igor complementou também que durante a plenária foi levantada a necessidade de manter a mobilização em prol de descobrir quem matou e que mandou matar Marielle. “Temos que ir para cima dessa discussão na próxima plenária para que se esclareça o crime” reforça.
Entre os assuntos da Plenária, Flávio Sereno destacou a necessidade de defender a flexibilização, que na UFJF teve o processo de regulamentação finalizado recentemente. Sobre os adicionais de insalubridade, Flávio explica que houve uma migração de sistema que em várias universidades, o que causou problema para muitos trabalhadores. “É um problema Nacional e a Fasubra ingressou com ação judicial”, explica.
Em relação a mudança de data da Plenária para 15 e 16 de fevereiro, Flávio informou que o objetivo é aproximar da reunião do Fonasefe, e desta forma, o que for deliberado na plenária quanto à campanha salarial, possa ser levado para a reunião.
Outro debate da Plenária, segundo Flávio foi a Reforma da Previdência. “Temer não conseguiu aprovar a Reforma devido às mobilizações de massa em Brasília. Como estava próximo da eleição, os deputados foram pressionados a não votar. Mas o governo agora foi eleito e uma nova eleição está longe de acontecer. Por isso deve existir ainda mais mobilizações. Ainda não conhecemos o projeto de reforma do atual governo, não sabemos o tamanho do problema. Mas ele tem a proeza de ser pior que o Temer, com a possibilidade de regime de capitalização”, alerta. Flávio destaca a possibilidade de ser utilizado um modelo que já deu errado no Chile, mas que o governo acredita que vai funcionar no Brasil.
Outra preocupação da Plenária é o modelo a ser adotado para a eleição de reitor. Isto porque, segundo Flávio, toda negociação só é possível acontecer porque o reitor foi eleito com a participação da categoria em eleição paritária. “Se a gente parar de eleger, nossa capacidade de negociação diminui”, afirma.
Maria Angela complementou as falas destacando a preocupação com as minorias. “Com o governo eleito será mais difícil para as minorias, que não são minorias e sim a maioria da população, excluídas, mulheres, negros, LGBTS. Este presidente já se demonstrou racista, homofóbico, machista. Então, a gente tem que estar juntos nos chamados da Fasubra” diz.
Com o objetivo de enfrentar os ataques do governo, a coordenadora convida a categoria para a união. “Para não termos tanto retrocesso é preciso arregaçar as mangas e ter coragem, porque a política do medo, de armar a população e combater a violência com mais violência, mais armas, mais mortes, não resolve, é retrocesso. Quem tem que fazer o papel de enfrentamento somos nós, não só a nível local, mas nacional. É preciso fazer unidade, mas com crítica. Não vai ser fácil, mas necessário. Ninguém solta a mão de ninguém”, completa.
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