TAE da UFJF, Darlan Lula lança coletânea de contos “Em tempos de Covid-19”

17/05/2023

“Nem tudo são flores; há muitos espinhos pelo caminho”. Assim, o técnico-administrativo em educação da UFJF e escritor Darlan Lula descreve seu aprendizado com a pandemia da Covid-19. Refletindo sobre os impactos do vírus na sociedade,  Darlan Lula lança no próximo dia 19 (sexta-feira), às 18h30, na Tertúlia Espeteria, em Juiz de Fora, seu novo livro, a coletânea de 17 contos “Em tempos de Covid-19”.

A obra faz um relato sobre as contradições e nuances que a pandemia deixou em evidência. De como os silêncios nas ruas ecoaram em cada um, de como as pequenas trivialidades da rotina ganharam o peso de grandes eventos históricos, de como, simplesmente, sair de casa, pode ter sido a diferença entre a vida e a morte para milhões de brasileiros. Assim, em cada conto, se vê reflexo: reflexo do que foi o projeto de morte do governo federal pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, reflexo do que prenuncia ouvir “covid-19”, e o reflexo que cada um viu de si mesmo durante os períodos de isolamento e solidão.

“Sempre que escrevo, penso o quanto a nossa sociedade pode evoluir; viver em um mundo imperfeito nos faz sermos viscerais, instintivos, porque nossa memória primitiva nos traz à tona a luta pela sobrevivência. E ponderar isso, refletir sobre isso, faz-nos chegar ao arcabouço civilizatório que nos encontramos hoje em dia. Temos que buscar sermos seres civilizados, buscarmos uma sociedade mais justa e mais fraterna”, diz Darlan. 

O autor do livro comenta que, para além de olhar os próprios monstros no espelho, é necessário refletir sobre a ética, pois é ela quem deve guiar nossa sociedade, e não o medo por punições.

“Hoje em dia vivemos mundialmente um efeito catastrófico na sociedade, porque somos regidos por leis punitivas, e não pela ética. Se não há lei que nos atravesse, geralmente não se pensa nem uma vez na ética. Ela é esquecida, relegada a segundo, terceiro plano. Os contos estão imbuídos dessa reflexão, muitas vezes pela falta dessa ética, que se apresenta justamente pela sua nulidade”. 

Darlan entende que um caminho possível para chegar a esta reflexão é através da literatura. Tendo como referência cânones nacionais, como Machado de Assis e Clarice Lispector, o escritor defende que através da autoficcionalização e da literatura é possível realizar um processo de evolução.

“Quando perdemos isso, justamente aflora em nós a barbárie, a violência primitiva. Sou um defensor nato da sociabilidade, embora reconheça que às vezes devamos olhar para dentro de nós mesmos, ficarmos reclusos para pensar, refletir, evoluir internamente. E quem soube aproveitar o período pandêmico em tempos de COVID-19 para fazer isso saiu mais fortalecido, mais fortalecida. Eu sempre gosto, em minhas escritas, de localizar o espaço em que estou escrevendo; vira uma personagem, tem verve, tem veia; e isso perpassa as outras esferas da escrita”.Darlan é natural de Itacarambi, no Norte de Minas Gerais, e radicado em Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, Darlan Lula é doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Estudos Literários e graduado em Letras. É autor de dois romances, “Viera tarde” (2005) e “Desvios” (2008), do livro de poemas “Casa de madeira” (2015), e das coletâneas de contos “Pontos, fendas e arestas” (2002) e “Todos os dias” (2016). Em 2021 lançou “Um estudo do ciúme em Machado de Assis: as narrativas e os seus narradores”, resultado de sua tese de doutorado. Atualmente é secretário executivo da Pró-reitoria de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

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