Coordenadores do SINTUFEJUF compartilham panorama de enfrentamento ao assédio na UFJF em evento híbrido sobre o tema na UFSJ

30/06/2023

Os coordenadores do SINTUFEJUF Maria Angela Costa, Elaine Bem e Flávio Sereno participaram na última terça, 27, de um evento híbrido para o Dia de prevenção e combate ao assédio moral na Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). A atividade foi promovida pelo Sinds-UFSJ, em parceria com a ADUFSJ – Seção Sindical e o DCE.

Na ocasião, os coordenadores contextualizaram o debate apresentando um panorama sobre como o tema está sendo trabalhado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A discussão sobre os diversos tipos de assédio na UFJF surgiu durante a greve realizada em 2022, dentro das Assembleias da categoria, se transformando em uma pauta local. Foi deliberado e conquistado em acordo de greve que a instituição criasse um espaço para debater assédio, discutir medidas de prevenção e respostas a esse fenômeno. Deste modo, foi estipulado, a partir de uma portaria, um grupo de trabalho oficial, com a participação das entidades que representam a comunidade acadêmica. Dentro desse grupo de trabalho, teve início a discussão para a elaboração de uma resolução que normatize o enfrentamento às questões de assédio, moral, sexual e outras violências dentro do cenário da UFJF, e que estipule práticas contínuas de combate, realização de campanhas, capacitações e  outras iniciativas pedagógicas.

Flávio Sereno destacou que o fato do tema assédio estar em discussão revela o crescimento do olhar sobre um tema tão importante e urgente, que precisa de solução. “Estamos numa mudança de conjuntura nacional que favorece o debate. Vivemos pelo menos quatro anos numa espécie de assédio contínuo governamental que refletia em ações e discursos do governo, com destaque, no ponto de vista legislativo, à tentativa de aprovar uma reforma administrativa que de reforma não tinha nada. A PEC 32 fazia uma transformação para muito pior do nosso ambiente de trabalho. Essas iniciativas legislativas vieram casadas com um discurso muito forte de desqualificação dos espaços educacionais, da universidade pública, dos institutos federais”,  afirma.  Conforme Flávio, o assédio na maioria das vezes envolve relações de poder, o que dificulta o enfrentamento. “Acredito que a parte política de enfrentamento dessas relações de poder, realizada pelos sindicatos, é tentar equilibrar as forças, porque normalmente essa relação de poder é feita de forma hierárquica, seja formal ou informal com os seus recortes  E nós sabemos que o assédio está muito permeado pelos recortes de gênero, de raça e etnia, orientação sexual, enfim,  a gente sabe que isso tudo envolve esse mosaico complexo que compõe esse problema”, lamenta.

Conforme a coordenadora geral do SINTUFEJUF, Maria Angela Costa, trata-se de um tema importante e delicado, principalmente após a pandemia e o período político desfavorável, quando o assédio foi aprofundado de maneira violenta, principalmente contra as mulheres, mulheres negras e sindicalistas. Deste modo, a troca de informações entre as instituições é fundamental para o aprendizado e fortalecimento da luta. “O importante é fazer o debate e estarmos juntos para estar solucionando, pelo menos amenizando e encarando de fato que ele existe e que estamos todos juntos para mudar essa situação”, afirma.

Segundo a coordenadora do SINTUFEJUF, Elaine Bem, é necessário o reconhecimento pela instituição da existência do problema estruturado dentro do ambiente acadêmico. “Nós temos diversas relações de poder e diversas maneiras de como o fluxo disso tudo acontece. Essas relações interpessoais passam por trabalhadores terceirizados, discentes, docentes, por técnicos administrativos, discentes ocupando lugares de bolsistas, então são múltiplas as relações. Ao mesmo tempo que a instituição também é um lugar que trata do conhecimento, responsável pela pesquisa, isso tudo pode dialogar junto a esse enfrentamento”, comenta.

Para Elaine é imprescindível estabelecer diretrizes e princípios muito bem fundamentados, com as tipificações, punições, procedimentos estruturais, para garantir que os espaços não sejam lugares de violência praticadas de forma organizacional. A coordenadora enfatiza que toda a questão do assédio está relacionada a relações de poder. “O enfrentamento ao assédio precisa ter uma conscientização de uma relação de poder, de materialidade. A gente precisa aprender e a gente precisa capacitar todas as pessoas envolvidas na instituição, de como a gente dá materialidade para que o processo, quando ocorra, e vire uma denúncia, seja de fato passível de punição ou intervenção administrativa. A gente precisa que as pessoas entendam o que elas podem fazer para substanciar o processo que elas querem abrir. Porque apenas o relato verbal é fraco na instância administrativa”, aponta. Em relação às denúncias, Elaine apresenta diversas portas como através das  ouvidorias geral e especializada, dos próprios diretores de institutos, chefes, sindicatos ou entidades estudantis. 

Durante o evento a servidora e membro da Comissão de Combate ao assédio moral do Sinds-UFSJ, Ermita de Souza Santos Rodrigues, realizou a leitura da Carta de apelo “Não ao assédio moral”. O documento ressalta o papel das instituições públicas de criar um ambiente de trabalho saudável e livre de assédio moral, devendo existir políticas claras de prevenção e combate a essa prática, assim como canais de denúncia seguros e confidenciais para que os colaboradores possam relatar casos de assédio sem medo de represálias.

A palestra foi transmitida pelo Youtube e está disponível no canal do SINDS UFSJ através do link https://www.youtube.com/watch?v=gdEK7zrlC8s

Confira a carta de apelo “Não ao assédio moral”“: https://sintufejuf.org.br/wp-content/uploads/2023/06/Carta-de-apelo-Nao-ao-assedio-moral.pdf

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