Trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação da UFJF aprovaram por unanimidade a construção de uma nota de repúdio contra a decisão da universidade em retomar aulas presenciais antes mesmo da vacinação completa. A deliberação ocorreu em assembleia geral virtual realizada na manhã de ontem, 22 de junho, e teve como motivação o movimento que a administração superior tem realizado para o retorno presencial a partir do semestre suplementar.
Recentemente, o Conselho Superior (Consu) aprovou as ações preparatórias e o cronograma para o primeiro semestre suplementar com previsão de início dia 05 de julho, para viabilizar aulas práticas em alguns cursos de saúde como odontologia (Juiz de Fora e Governador Valadares), medicina e enfermagem. Na ocasião, de acordo com o coordenador geral do SINTUFEJUF, Flávio Sereno, os representantes dos TAEs no Consu seguiram deliberação da categoria em assembleia anterior, e propuseram, sem sucesso, a retirada da pauta, sob o argumento de que Juiz de Fora havia acabado de regressar para a “onda vermelha e já havia um caso confirmado no município de paciente internado com a variante delta (mutação do vírus mais transmissível e mais agressiva). Além disso, Sereno destacou que já havia previsão de vacinação de profissionais da educação, e com isso, o planejamento para outubro, embora ainda não fosse ideal, seria mais seguro, uma vez que a categoria já teria tomado a segunda dose da vacina, e teria passado o tempo mínimo necessário para que o organismo desenvolvesse anticorpos. “Se ao invés de começar esse trabalho presencial no mês 7, começássemos no mês 10, apenas 3 meses depois, você poderia fazer isso com mais segurança”, explica Flávio. A proposta do sindicato de condicionar o retorno à vacinação contou com o apoio da APES, Colégio de Aplicação João XXIII e Faculdade de Serviço Social, tendo sido derrotada por 37 votos a 9. (Relembre AQUI como foi a reunião do Consu).
Para o técnico-administrativo (TAE) Paulo Edson de Souza, a decisão é absurda, uma vez que para acabar com a circulação do vírus é necessário que 70% da população esteja vacinada. “A proposta dessa assembleia é uma nota de repúdio a essas direções de unidades por sua postura autoritária e pela insensibilidade em face a essa pandemia que estamos enfrentando”. O TAE Moacyr do Valle apoia a nota de repúdio, pois segundo eles, os servidores públicos estão sendo atacados desde o início da pandemia. Ele denuncia a falta de fornecimento de EPIs e de testagem, mesmo quando há casos confirmados de Covid-19 entre os colegas.
Deste modo, o também TAE Paulo Dimas de Castro questiona se com o retorno presencial haverá Equipamentos de Proteção Individual para todos, e quem será responsável caso o trabalhador seja contaminado. Para ele, a volta presencial só é possível com todas as condições sanitárias necessárias, e com segurança.
A coordenadora do SINTUFEJUF Isabel Cristina de Jesus explica que mesmo o hospital universitário tem dificuldades em adquirir EPI. Ela se preocupa ainda com o trajeto de casa para o trabalho, enfrentando ônibus e aglomerações. Ela relata que mesmo vacinados alguns trabalhadores testaram positivo, ainda que sejam assintomáticos, o que gera uma preocupação para o coletivo.
Também coordenadora do SINTUFEJUF, Luana Lombardi reforça que as máscaras de tecido não são consideradas EPIs e que as máscaras cirúrgicas são menos efetivas contra as novas cepas. Deste modo, precisam ser disponibilizadas a PFF2 e a N95 para todos os trabalhadores que retornarem ao trabalho presencial. Luana ressalta seu posicionamento contrário ao retorno nesse momento, mesmo que sejam somente os quatro cursos da saúde. A coordenadora relata que comunicou, em reunião com a Progepe, que algumas chefias estão pressionando TAEs a retomarem ao trabalho presencial, mesmo em setores que não estão inseridos no semestre suplementar aprovado pelo Consu.
A categoria aprovou ainda a construção de uma pauta específica e uma geral a partir da análise do roteiro de implementação do semestre suplementar das 5 unidades e a construção de uma nota de apoio aos trabalhadores terceirizados demitidos.
Confira as notas:
Notícias mais lidas