Trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação e docentes da UFJF paralisaram as atividades hoje, 22 de março, em Dia Nacional de Lutas Contra a Reforma da Previdência.
Em Juiz de Fora, a categoria participou de um grande ato convocado pelas centrais sindicais. A concentração teve início às 9h na Praça da Estação, de onde os manifestantes seguiram em passeata até o Parque Halfeld.
De acordo com a coordenadora geral do Sintufejuf, Maria Angela Costa, se a proposta de Reforma da Previdência do Bolsonaro for aprovada, vai dificultar ainda mais para a classe trabalhadora a se aposentar, principalmente para as mulheres. Isto porque, elas possuem condições adversas no mercado de trabalho. Diante de uma sociedade machista e patriarcal, ainda estão sujeitas a ocuparem cargos de menos prestígio, com menores salários e piores condições de trabalho. “As mulheres estão submetidas a dupla ou até tripla jornada. Elas trabalham nos empregos e em casa. São as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, cuidam dos filhos e de toda a família. As mulheres são cuidadoras. Aumentar a idade mínima de aposentadoria para as mulheres, é cruel”, afirma Maria Angela.
A Reforma da Previdência proposta por Bolsonaro estabelece uma idade mínima para se aposentar de 62 anos para mulheres e 65 para homens. Além da idade, a trabalhadora ou trabalhador deverá ter contribuído no mínimo por 20 anos, para se aposentar com 60% da média salarial, mais 2% por ano de contribuição que exceder os 20 anos. Com isso, a aposentadoria integral só será possível aos 40 anos de contribuição. Atualmente, o tempo mínimo de contribuição é de 15 anos.
Outro retrocesso é desconstitucionalização da Reforma da Previdência e a criação do regime de capitalização, que acaba com a Seguridade Social, mesmo modelo adotado pelo Chile. A capitalização rompe com a lógica coletiva de financiamento, em que trabalhadores, empresas e União têm participação nos aportes. No Chile, aposentadas e aposentados enfrentam as consequências dessa mudança, 80% recebem menos de um salário mínimo de benefício e 44% está abaixo da linha da pobreza. Consequência dessa reforma é o crescente índice de suicídio de idosos no Chile.
Maria Angela avalia que a Reforma da Previdência de Bolsonaro aprofunda ainda mais todas as crueldades do Temer. “Ela valoriza os militares, melhorando a carreira destes. Ela retira mais ainda dos trabalhadores para financiar uma categoria, oferecer privilégios para políticos e militares. Beneficia uma categoria em detrimento de outra”.
Em relação à prisão do ex-presidente ocorrida ontem, a coordenadora afirma que o objetivo é criar uma cortina de fumaça e desmobilizar a classe trabalhadora. “A prisão aconteceu na véspera da primeira grande manifestação contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro. Ela veio para desviar o foco do vexame que foi a visita do presidente aos Estados Unidos, entregando o Brasil para os EUA e envergonhando os brasileiros lá fora. Foi descoberto que há mais de 40 anos o Temer está na quadrilha, mas só agora saiu a prisão. É uma cortina de fumaça para desviar o foco da reforma, das retiradas de direitos e da ameaça de desmontes dos sindicatos”, opina.
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