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TAEs debatem indicativo de greve, PGD e aceleração em Plenária Nacional da FASUBRA

22/09/2025

Entre os dias 29 e 31 de agosto, a Plenária Nacional da FASUBRA reuniu 35 delegações de todo o país em Brasília. O encontro foi marcado por intensos debates sobre os rumos da greve nacional, as dificuldades de mobilização da categoria e temas centrais da carreira, como o Plano de Gestão e Desenvolvimento (PGD) e a aceleração da progressão. A participação da delegação do SINTUFEJUF ganhou destaque com análises críticas e propostas de encaminhamento. Conforme deliberação da Plenária, o SINTUFEJUF convocará uma assembleia para o dia 26 de setembro para discutir sobre o indicativo de greve.

“Não basta decretar greve, é preciso mobilizar”

O coordenador do SINTUFEJUF, João Marcos Gonzaga, ressaltou que a categoria vive um momento de grande complexidade política. “Todo mundo concorda que o acordo de greve não foi cumprido e que as coisas não estão andando. Houve pedidos para uma greve imediata e pedidos por um calendário para essa greve. Mas entendemos que não estamos preparados para uma greve agora, principalmente por questões de mobilização.”, avalia. Por isso, segundo ele, é necessário consultar a categoria para avaliar a construção de uma greve.

João Marcos lembrou que a UFJF foi uma das três universidades do país — junto com a UnB e a UFRJ — a alcançar mais de 50% de adesão nas últimas paralisações, resultado que demonstra a força da base local. Mas, segundo ele, esse fôlego precisa se transformar em uma estratégia nacional articulada. “A greve não pode ser apenas uma decisão formal, tem que ser um processo de construção coletiva. Propusemos a doação de sangue simbólica como um gesto de impacto e visibilidade, relacionando cada bolsa doada a um dos 17 pontos do acordo de greve não cumpridos. É um ato que mostra disposição de luta, que gera mídia positiva e que evita o confronto direto. É como dizer: estamos literalmente dando o nosso sangue pela causa.”

Para João Marcos, a unidade nacional é fundamental. “Se cada universidade agir isoladamente, corremos o risco de nos fragmentar. É preciso construir um calendário que leve em conta não só os TAEs, mas a luta mais ampla contra a Reforma Administrativa. A burguesia sempre atuou para desorganizar os trabalhadores e, se não tivermos unidade, a nossa pauta se perde.”

“Sem visibilidade, a greve não cumpre seu papel”

O coordenador-geral do SINTUFEJUF, Carlos Augusto Martins, também destacou a força da mobilização local, mas alertou para os limites de uma greve restrita à paralisação formal. “Conseguimos manter uma média de 85% a 95% de paralisação em Juiz de Fora, mas a mobilização nas ruas ainda é insuficiente. É preciso que a categoria mostre sua força, pois sem visibilidade, o impacto da greve se perde.”

Carlos enfatizou que a luta precisa ir além de parar o trabalho. “Não se trata apenas de cruzar os braços. Precisamos estar presentes em atos, nas ruas, nas redes, dialogando com a sociedade e mostrando por que estamos em greve. O governo só nos ouvirá se ele perceber que temos força social e política. O sucesso da mobilização depende da participação ativa de cada trabalhador e trabalhadora.”

Ele também recordou exemplos de mobilização local que se destacaram no cenário nacional: atos na Câmara Municipal de Juiz de Fora, paralisação de 90% da UFJF e adesão praticamente total dos trabalhadores do Hospital Universitário. “Mostramos que quando a categoria se organiza, conseguimos enfrentar até estruturas como a Ebserh, que tentam enfraquecer a nossa luta. Mas é fundamental levar essa energia para o plano nacional.”

Vozes da base: frustração e necessidade de unidade

O TAE Felipe Santos, eleito delegado para a plenária, expressou a insatisfação sentida por muitos delegados com a indefinição sobre a greve. “A plenária deveria ter votado a greve, mas vimos que 17 pontos do acordo de greve não foram cumpridos. Percebemos que a Fasubra sozinha não conseguiria enfrentar a Reforma Administrativa; por isso, a decisão sobre indicativo de greve precisa passar pelas bases.”

O também delegado do SINTUFEJUF, Felipe Bruno Braga de Melo, destacou outros desafios enfrentados nacionalmente. “Temos dificuldade de mobilizar colegas em assembleias virtuais, o que fragiliza a organização. Além disso, é preciso construir uma luta conjunta com outros segmentos do serviço público. Se ficarmos isolados, corremos o risco de desmobilização, ainda mais com a pressão interna e o conformismo de parte dos servidores mais jovens.”

PGD: “Não é teletrabalho”

O coordenador de comunicação da FASUBRA, Francisco de Assis (Chiquinho), fez uma exposição didática sobre o Plano de Gestão e Desenvolvimento (PGD), lembrando que a proposta vem sendo equivocadamente tratada como sinônimo de teletrabalho. “O PGD é um método inovador, que prevê um plano de entregas e metas pactuadas coletivamente entre trabalhador, chefia e universidade. Ele precisa estar articulado ao PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) e construído nos espaços acadêmicos e colegiados, e não imposto por gestores individuais. Quando confundem PGD com teletrabalho, criam retrocessos e distorções graves. O PGD não é banco, não é meta de venda. É um instrumento para fortalecer o trabalho coletivo e institucional.”

Aceleração: garantir direitos também para aposentados

A coordenadora de finanças da FASUBRA, Márcia Abreu da Silva, detalhou as mudanças trazidas pela nova estrutura da carreira. “Antes tínhamos progressão por capacitação. Agora, cada trabalhador tem direito à aceleração a cada cinco anos de efetivo exercício, desde que comprove a carga horária de cursos. Quem tem cinco, dez ou quinze anos pode obter até três progressões, desde que tenha a carga horária correspondente. É fundamental que os companheiros que já fizeram cursos protocolem seus certificados o quanto antes.”

Márcia enfatizou ainda que a luta da FASUBRA é para que aposentados e aposentadas também tenham acesso às regras de transição. “Nossa federação nunca aceitou separar ativos e aposentados. É inadmissível que reitorias neguem a aplicação da aceleração a quem já se aposentou. Essa batalha precisa ser travada em cada universidade.”

O coordenador jurídico da FASUBRA, Marcelo Rosa, reforçou a posição. “A aceleração também se aplica a aposentados e pensionistas. O governo tenta argumentar que desenvolvimento não se estende a quem já está aposentado, mas isso não se sustenta. O que está em jogo é o aproveitamento do patrimônio funcional acumulado em toda uma vida de trabalho. Precisamos de pressão nacional para que esse direito seja garantido.”

Marcelo alertou ainda para o risco de retrocesso após nota técnica do MGI. “Há uma tentativa de rever até mesmo os direitos da ativa. Isso é descumprimento da lei e dos acordos de greve. Precisamos de unidade para defender cada conquista.”Agora, conforme orientação da Federação, o SINTUFEJUF realizará na sexta-feira, 26 de setembro, uma assembleia para discutir o indicativo de greve.