Conforme orientação da Plenária Nacional da Fasubra, as trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação da UFJF se reuniram em assembleia geral na noite de ontem, 05, para discutir a construção de uma greve sanitária. O debate abordou as atuais condições de trabalho presencial oferecidas pela instituição e o início do semestre suplementar com retorno de atividades presenciais para os cursos de Odontologia (em Juiz de Fora e em Governador Valadares), Enfermagem e Medicina, que envolve 1886 estudantes, 271 docentes, 113 TAEs e 11 terceirizados. Além disso, foi considerado também que, conforme o calendário municipal de vacinação, profissionais da educação receberam a primeira dose dos imunizantes em junho, estando prevista a segunda dose somente em setembro.
O coordenador geral do SINTUFEJUF Flávio Sereno informou que o Conselho Superior (Consu) aprovou a renovação da suspensão das atividades presenciais por mais 60 dias, conforme recomendação do Comitê de Monitoramento e Orientações de Conduta sobre o Coronavírus. Segundo ele, isso significa que o conselho compreende que os municípios de Juiz de Fora e Governador Valadares ainda não oferecem as condições de biossegurança adequadas para o retorno ao trabalho presencial. Entretanto, de forma contraditória, o semestre suplementar envolvendo 4 cursos de saúde teve início nesta segunda-feira. Deste modo, para avaliar as condições de trabalho e biossegurança em relação à COVID-19, o SINTUFEJUF está disponibilizando um questionário no site do sindicato além de um canal de denúncias, no qual as trabalhadoras e trabalhadores que identificarem qualquer irregularidade em seus setores poderão comunicar ao sindicato para as devidas providências. Os formulários podem ser respondidos tanto por quem está inserido no semestre suplementar quanto por quem já estava em trabalho presencial.
Segundo Flávio Sereno, a situação da UFJF foi apresentada pela delegação do SINTUFEJUF na Plenária Nacional da Fasubra. A partir daí, a Federação e o ANDES encaminharam um ofício ao reitor da UFJF e vice-reitor da Andifes Marcus Vinícius David solicitando uma reunião para esclarecimentos, agendada para quinta-feira, 08.
O aposentado Rogério Silva, que participou enquanto delegado da Plenária Nacional da Fasubra relatou que a Federação está caminhando para a unidade. Para ele é preciso preparar a categoria para a construção da greve geral junto com outras entidades de servidores públicos. Ele reforça também a necessidade da greve sanitária para garantir a segurança dos trabalhadores. “As universidades têm que dar toda garantia, fazer testes, aguardar a segunda dose da vacinação, oferecer equipamentos”, afirma.
A técnica-administrativa Carla Visentin informou que as fabricantes de vacina contra a Covid-19 orientam que são necessários 28 dias após a segunda dose para o organismo desenvolver anticorpos. “Se a gente tem o cientista que diz isso e a gente não cumpre, a gente está indo na contramão da ciência”, avalia. Ela reforça que a exposição ao vírus antes deste período favorece a mutação do vírus, surgindo variantes cada vez mais resistentes (potencialmente mais transmissíveis ou letais). A mesma afirmação de Carla pode ser encontrada em matéria veiculada pela BBC News, em março. De acordo com a reportagem, medidas de distanciamento social são fundamentais durante a vacinação de uma população para evitar mutações “superpotentes”. De acordo com a pesquisa, “ao entrar na célula humana e se deparar com uma quantidade ainda pequena de anticorpos da vacina, a variante, ao se replicar, pode promover mutações mais resistentes a esses anticorpos”.
A assembleia manifestou preocupação em relação ao cumprimento dos protocolos de biossegurança pela UFJF. Diante disso, Flávio Sereno explicou que na resolução que regulamenta o semestre suplementar, o SINTUFEJUF conseguiu incluir que na falta de qualquer equipamento de proteção individual, o trabalho presencial está suspenso. Entretanto, o coordenador destaca que embora a medida deveria valer para todos que estão em atividade presencial, a resolução é válida somente para trabalhadores envolvidos no período suplementar.
A categoria questionou a forma como seria construída a greve sanitária, se incluiria toda a categoria ou somente aqueles que estivessem em trabalho presencial. Após amplo debate, ficou condensado que seria uma paralisação de todos.
A partir das explanações, a diretoria sugeriu e a assembleia aprovou por unanimidade que seja construída uma paralisação no dia 08 de julho, quando ocorre a reunião entre a Fasubra, ANDES e o reitor Marcus David, e uma reunião de avaliação na sexta-feira, 09, para discutir os próximos passos do movimento, como a construção da greve sanitária. Uma assembleia virtual foi marcada para amanhã, 07, às 18h, para deliberar sobre a paralisação.
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