Na última semana, o SINTUFEJUF participou de um ato no prédio da Reitoria da UFJF protagonizado por estudantes surdos e organizado pelo Centro Acadêmico Murilo Mendes da Faculdade de Letras. A principal demanda é a abertura de concurso para intérpretes de Libras e contratação temporária para suprir a carência imediata. A mobilização nasceu da dificuldade de uma aluna surda em acessar aulas devido à ausência de intérprete, desencadeando uma demanda por mais profissionais, em conformidade com a Lei 12.319 de setembro de 2010. Atualmente a instituição conta com apenas 13 intérpretes, sendo que somente no Curso de Letras-Libras a necessidade é de 16 profissionais.
A carência de um protocolo de atendimento aos estudantes com deficiência têm impacto direto nas aulas, tornando-as inacessíveis, como destaca Ana Paula Machado, coordenadora do SINTUFEJUF e técnica-administrativa intérprete de Libras na UFJF. Ela ressalta a necessidade urgente de um protocolo acessível para minimizar prejuízos, afirmando que a situação compromete não apenas as aulas, mas também eventos, projetos e demais atividades acadêmicas. “A falta de intérpretes torna algumas aulas inacessíveis, impactando diretamente o aprendizado dos estudantes surdos. Algumas adaptações são feitas por professores, mas em muitos casos, a inviabilidade de participação nas aulas persiste”, afirma. A situação afeta todos os setores da universidade que buscam promover acessibilidade. Eventos, projetos, apresentações e grupos de estudo carecem de suporte em Libras, limitando a participação dos estudantes surdos e comprometendo sua formação acadêmica, conforme destaca Ana Paula Machado. “É importante indicar também que a educação especial é uma modalidade de ensino que atravessa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta sua utilização no processo de ensino e aprendizagem”, explica.
Recentemente, a Diretoria de Ações Afirmativas da UFJF (DIAAF) abriu um edital emergencial para contratação de intérpretes, mas a baixa adesão revelou problemas no documento. Porém, o edital foi formulado sem consulta à equipe de intérpretes de libras. A assessoria jurídica do SINTUFEJUF aponta falhas no edital. Entre as críticas, destacam-se a falta de especificações sobre turnos de trabalho e locais, o curto período de contratação de apenas 3 meses, a discrepância no valor da hora trabalhada em relação à tabela da Federação Brasileira de Intérpretes de Línguas de Sinais, e a complexidade das três etapas do processo seletivo.
Gustavo Francia Albuquerque, presidente da Associação dos Surdos de Juiz de Fora (ASJF), destaca a falta de acessibilidade e apoia a manifestação dos estudantes. Ele salienta a importância de corrigir o edital para valorizar os intérpretes, garantindo que a UFJF, uma das melhores universidades do Brasil, também seja referência em acessibilidade. Gustavo destaca a importância da manifestação e expressa preocupação com a desvalorização dos intérpretes, ressaltando que a falta de profissionais compromete diretamente a formação dos estudantes surdos.
O coordenador geral do SINTUFEJUF, Flávio Sereno, ressalta a participação do sindicato na manifestação, destacando que a causa é justa e impacta diretamente as condições de trabalho dos tradutores intérpretes de Libras. Ele enfatiza ainda a importância de uma política de inclusão na UFJF. Para ele, a luta por mais vagas de concurso é essencial para atender à crescente demanda estudantil. “Temos diversos arranjos que entendemos que podem ser feitos dentro da discussão de uma política de inclusão na UFJF, e que é de interesse dos próprios trabalhadores, para que eles possam ter condições de trabalho para atender a demanda crescente dos estudantes”, afirma.
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