SINTUFEJUF manifesta apoio à Julia

13/01/2021

O SINTUFEJUF vem a público manifestar seu apoio a Júlia que foi vítima de violência transfóbica, na última semana. A mulher de 33 anos foi espancada na última quarta-feira, 6, no centro de Juiz de Fora após um desentendimento e gravou as agressões pelo celular. Além de socos, chutes e puxão de cabelo, Júlia foi vítima ainda de violências verbais transfóbicas, relacionadas à sua identidade de gênero. De acordo com o boletim de ocorrência, o agressor é advogado criminalista e estava acompanhado de um policial militar. Na ocasião, embora a mulher estivesse com um amigo, somente ela, que esteva sentada no chão sem oferecer resistência, sofreu a violência.

Ainda na semana passada, Júlia foi vítima de constrangimento e violência psicológica quando a atendente de um laboratório negou a ela o direito de fazer exame de sangue. Ela lamenta que essas violências ainda ocorram na cidade em que vigora a lei Rosa (Lei Municipal 9.791/2000 que proíbe a discriminação da população LGBTQIA+) e que sedia o concurso Miss Brasil Gay, evento que faz parte do calendário oficial de eventos de Juiz de Fora.

Ambas situações vivenciadas por Júlia aconteceram no mês Nacional da Visibilidade Trans, celebrado no dia 29 de janeiro. Apesar de muitas conquistas alcançadas pela população transexual como reconhecimento do nome social no SUS, em instituições de ensino de nível superior, conselhos profissionais, etc, é inaceitável que casos como os da Júlia ainda ocorram na sociedade.

De acordo com Marco José Duarte, coordenador do Centro de Referência de Promoção da Cidadania LGBTQIA+ da UFJF (CeR-LGBTQI+) todo tipo de violência precisa ser denunciado, seja com jovens, mulheres, negras e negros e particularmente com LGBTQI+, uma vez que, segundo ele, vivemos em um sistema de relações de opressões em que a cada 32h uma pessoa LGBTQI+ sofre algum tipo de violência LGBTQIfóbica e a cada 16h uma pessoa dessa população é assassinada.” A denúncia de violência transfóbica tem a sua importância, porque segundo os dados oficiais e da militância LGBTQI nacional e internacional, o Brasil está no top desse tipo de violência em âmbito mundial, o que reflete a ausência de políticas públicas e de direitos para essa população. E isso se dá pela imposição do cisheterossexismo, do machismo e da misoginia com que homens em geral, incluindo gays, são educados e socializados, pela lógica da força, da virilidade e da própria violência masculinista” afirma. Para Marco, a denúncia da violência transfóbica deve ser dita no sentido de expor o agressor, geralmente, homens, brancos, de classe média, alguns em sua maioria com nível superior. “Assim, a denúncia da violência transfóbica deve ser dita no sentido de expor o agressor, geralmente, homens, brancos, de classe média, alguns em sua maioria com nível superior. Esses dados estatísticos estão presentes em todos as organizações que lutam em defesa dos direitos de LGBTQI+, mas em particular da população de travestis e mulheres trans”, conclui.

Infelizmente o Brasil é líder de violência contra transsexuais. De janeiro a outubro de 2020, 151 pessoas transgêneros foram assassinadas no país, conforme dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Quando comparado ao mesmo período de 2019, o aumento da violência chega a 47%.

O SINTUFEJUF repudia toda e qualquer forma de violência transfóbica e pede justiça para Júlia!

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