SINTUFEJUF, APES e GETS se mobilizam para tentar reverter os cortes na assistência estudantil

10/07/2019

O SINTUFEJUF, APES e o Grêmio Estudantil Técnico-Secundarista (GETS) se reuniram com o diretor do campus Juiz de Fora do IF Sudeste MG, Sebastião Sérgio de Oliveira e o diretor de Administração e Planejamento Cláudio Roberto Barbosa para discutir os cortes que afetaram a assistência estudantil.

Na ocasião, o tesoureiro do GETS, Caléo Alecsander Silva Miranda, apresentou à diretoria do instituto a preocupação com a evasão de alunos a partir da perda da assistência. Segundo ele, foi feito um levantamento pelo grêmio, e 82 alunos não terão condições de permanecer na instituição se não tiverem a assistência. No entanto, Caléo acredita que este número possa ser ainda maior, isto porque alguns alunos poderiam se sentir constrangidos em declarar a real condição financeira. O tesoureiro lembrou que o IF possui uma política de cotas que reserva 50% das vagas para alunos de escolas públicas, porém, é necessário dar condições de permanência a esses alunos.

Para a coordenadora geral do Sintufejuf, Maria Angela Costa, é preciso buscar outra alternativa que não seja penalizar estudantes. “A gente está nessa luta desde o governo Temer, quando teve o congelamento por 20 anos (EC 95). Ali já começaram as dificuldades dentro das universidades. A gente está aqui para tentar junto com vocês conseguir encontrar uma saída que não seja essa. Sabemos que o corte é real, mas não podemos concordar em estar perdendo essas pessoas que sempre foram excluídas. Inclusive as cotas estão sendo também atacadas” lembra a coordenadora. Maria Angela destaca que a política do atual governo é de exclusão, de não dar acesso à educação. “Se a gente cortar dos estudantes, fica fácil para eles, vão continuar cortando verba, porque essa é a intenção deles” avalia.

O diretor da APES Marcus Vinícius Leite destacou os resultados positivos da instituição no último ano, conquistando o segundo melhor rendimento no Enem 2018 (Exame nacional do Ensino Médio) no ranking das escolas públicas de Juiz de Fora, o que contrapõe aos ataques do governo federal. Ele destaca que os estudantes que estão sendo penalizados são aqueles que historicamente sempre foram impedidos de ter alguma ascensão social. Para Marcos, atingir um segmento, causando a evasão de alunos por falta de recursos, compromete toda a instituição. “É uma questão que diz respeito aos estudantes, mas entendendo a totalidade do processo, diz respeito a todos nós, sobretudo no ponto de vista do nosso interesse maior que é a produção de uma educação gratuita e de qualidade para todas e todos” ressalta.

Diante dos argumentos das entidades, a direção do Campus Juiz de Fora do IF Sudeste MG se comprometeu em rediscutir a situação dos cortes nos recursos de assistência estudantil em reunião do Colégio de Dirigentes. A proposta que será levada para a apreciação do colegiado na reunião que acontece hoje, 10 de julho, é a possibilidade de remanejamento de recursos, que seriam aplicados na pesquisa e extensão.

Mobilização no campus Juiz de Fora

A reunião das três entidades com a direção do campus foi marcada após mobilização ocorrida na véspera. Na tarde de quinta-feira, 04 de julho, o GETS havia organizado um ato no campus e contou com o apoio do SINTUFEJUF e da APES. A atividade aconteceu no intervalo do almoço.

Para a estudante Alexandra Borges Carneiro, essa é uma luta coletiva, e vai ser difícil concluir o ano sabendo que mais de 80 alunos tantos alunos ficarão para trás. “Temos que pensar estratégias coletivas de lutas e pensar as reais prioridades. Não dá para abrir mão de compartilhar da alegria de cada um de nós que aqui está porque o governo cortou 30% do nosso orçamento. Essa luta é nossa. Não dá para mudar o mundo, mas aqui, a gente pode se fortalecer. Vai doer demais em cada um de nós terminar o ano com tantos alunos evadidos”, lamenta.

Em meio às falas, foi realizada a leitura de cartas enviadas pelos estudantes afetados. O diretor da APES Marcos Vinícius Leite emocionou a todas e todos os presentes ao realizar a chamada simbólica de 82 nomes, fazendo referência ao número de alunos que não poderão permanecer no segundo semestre caso os cortes não sejam revertidos.

A coordenadora geral do SINTUFEJUF, Maria Angela Costa manifestou a solidariedade do sindicato à causa dos estudantes, principalmente os alunos cotistas, que são os maiores prejudicados com os cortes. “As cotas não são um favor, mas uma dívida que o nosso país tem com o povo negro. A gente sabe quem o governo quer dentro das escolas e das universidades. Para eles, o povo negro, o povo trabalhador não deveria estar aqui. Esta é a política deste governo, de exclusão” afirma.

Assembleia dos TAEs

Os cortes foram pauta também da assembleia geral das trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação do IF Sudeste MG. Na ocasião, além do prejuízo à assistência estudantil dos estudantes, a categoria manifestou preocupação com as bolsa do Programa de Apoio à Qualificação (PROAQ). Isto porque, num primeiro momento, a primeira planilha com a exposição das ações necessárias para reduzir os impactos do corte, não afetava o programa, no entanto, os cortes já começaram a ser efetuados. Desta forma, a categoria questiona a direção do instituto a fim de entender a nova readequação do orçamento. Neste sentido, a preocupação inclui os beneficiados pelo programa que tiveram que desistir da qualificação por impossibilidade de continuar pagando, se eles terão que ressarcir o programa, sendo que a desistência ocorreu justamente por falta da continuidade de concessão do apoio à qualificação. 

Diante das preocupações com os cortes, tendo em vista as especificidades de cada campus, a assembleia encaminhou que a readequação orçamentária seja feita em cada conselho de campus, e não pelo colégio de dirigentes. Isto porque a realidade dos campi de Barbacena, Rio Pomba ou Santos Dumont, não é a mesma de Juiz de Fora, sendo difícil hierarquizar o que é mais importante em cada localidade.

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