A administração superior da Universidade Federal de Juiz de Fora está propondo a realização de uma pesquisa com toda a comunidade acadêmica. O objetivo é conhecer as condições em que os mesmos se encontram diante da Pandemia, como a possibilidade de acesso à internet, recursos digitais e de uso das tecnologias da informação e comunicação. O tema foi tratado durante reunião por videoconferência convocada pela reitoria na última semana com as entidades representativas da comunidade acadêmica, para tratar do contexto da Pandemia e Processo de Planejamentos para futuras ações da UFJF. O assunto já havia sido discutido com os diretores de unidade pela manhã, na mesma data da reunião.
Pelo SINTUFEJUF, participaram da reunião a coordenação geral representada por Maria Angela Costa e Flávio Sereno, o coordenador de finanças Luiz Tegedor e a coordenadora de saúde Luana Lombardi. Os dirigentes Augusto Cerqueira e Marina Barbosa representaram a APES e Débora Paulino, Ana Lídia Resende e Gabriel Lacerda, o DCE.
A partir da conclusão de que a suspensão das atividades presenciais acadêmicas e administrativas não será de curto prazo, a administração destacou que será preciso pensar em ações futuras e por isso a proposta de realização do Censo.
De acordo com o coordenador geral do SINTUFEJUF, Flávio Sereno, os dirigentes da UFJF disseram que a pesquisa servirá para subsidiar as decisões posteriores durante uma etapa de planejamento sobre o que seria feito com base nos dados coletados. “Diante disso, o SINTUFEJUF solicitou conhecer o questionário, para contribuir com o que considerássemos relevante”, afirma.
Na manhã de hoje, 25 de maio, o SINTUFEJUF enviou à reitoria um ofício com as considerações sobre o levantamento da UFJF, reforçando, conforme já havia sido discutido na reunião, que a iniciativa deveria ser objeto de deliberação e decisão coletiva no Conselho Superior da UFJF. No documento, o sindicato ressalta a preocupação com a possível proposta de adoção de Ensino a Distância (EAD) como substituição das atividades acadêmicas presenciais, o que poderia significar grande retrocesso na democratização do acesso à universidade pública brasileira. O sindicato sugeriu ainda a inserção e o ajuste de itens no questionário, que implicam analisar a mudança de rotina, de responsabilidades familiares, de espaço e nas necessidades estruturais de trabalho. Todas afetadas pelo contexto de isolamento social decorrente da COVID 19. “Nossa sugestão tem o intuito de abordar os vários elementos envolvidos e de evidenciar que é responsabilidade da instituição garantir estrutura e condições de trabalho”, reforça Flávio.
Deste modo, o SINTUFEJUF está empenhado para que o estudo possa captar a realidade por completo. “Não sabemos ainda o que será feito de planejamento após o levantamento de dados, mas obviamente temos preocupações, por exemplo, de ter uma regulamentação sobre o trabalho remoto construída num momento em que este tipo de exercício é compulsório e não planejado”. Flávio Sereno aborda as imensas diferenças de infraestrutura existentes nas residências de cada trabalhador ou trabalhadora, diferença de condições sociais, familiares, de tempo, espaço e condições de trabalho à distância, como compartilhamento de máquinas com outros membros da residência, atividades que não pode ser realizadas nos horários tradicionais, problemas de conexão com a internet, capacidade, fluxo de dados, uma vez que não é todo mundo que possui banda larga individual para usar à vontade. “As estruturas que os trabalhadores estão utilizando em suas residências são pagas por eles, estamos numa condição em que vários adicionais foram cortados por meio da IN28. Temos a preocupação de que o diagnóstico englobe e contemple todas as dificuldades, só assim é possível fazer algum tipo de planejamento” destaca Flávio.
O tesoureiro da APES, Augusto Cerqueira demonstra preocupação com a aplicação do estudo. “A realização da pesquisa e a elaboração do questionário são de responsabilidades da administração superior, contrariamente a posição defendida pela APES de construção coletiva e democrática, através de amplo debate sobre a sua pertinência, necessidade e conteúdo. Nesse momento é fundamental fortalecer a democracia interna das instituições”, explica. Entre as preocupações, Augusto destaca aqueles que não possuem acesso à internet. “Ficam excluídos, assim como as iniciativas de ensino remoto. Esperamos que o índice de não participação também seja considerado nas análises e no planejamento da instituição” observa.
Para a presidente do DCE, Ana Lídia Resende, o levantamento é importante, para obtenção de dados estatísticos palpáveis para opor ou apoiar qualquer ação, uma vez que a comunidade acadêmica está apreensiva por se tratar de um momento de muita instabilidade e não ter de fato previsão de volta ao normal. Entretanto, para ela existem ponderações. “A gente teme que o acesso ao próprio questionário não seja garantido a todos e todas, visto que muitos estão sem internet nesse momento. Outro temor nosso é o que será de fato feito com esses dados. A gente tem o entendimento que o ensino à distância nas condições que temos hoje pode não ser a melhor saída. Visto o acesso dos estudantes à tecnologia e também às condições de trabalho remoto dos professores. Entendemos que toda e qualquer medida tem que ser bem pensada e articulada para que as perdas não sejam maiores que os ganhos. Nós não acreditamos que transformar cursos presenciais em cursos à distância seja a melhor saída, entendemos que tem várias implicações desde o acesso das e dos estudantes até a questão estrutural de preparo do EAD em si. Essa tem sido uma pauta importante que nos preocupa e muito. Acredito que esse diálogo com as entidades é importante por isso, para garantir que os três segmentos possam estar contemplados de fato com as ações” explica.
O questionário será aplicado através do SIGA e ficará disponível por duas semanas. Os resultados serão divulgados pelos meios de comunicação da Universidade e levados ao Conselho Superior (Consu). Para contemplar as pessoas sem acesso à internet, a universidade informa que irá dispor de equipes de trabalho remotas que entrarão em contato com os estudantes por telefone e correspondência. Entretanto, para o SINTUFEJUF, isso prejudica o sigilo das respostas, além de ter considerável risco de não colher substancialmente a opinião justamente das pessoas que teriam dificuldades de acesso a tecnologia para participarem de atividades acadêmicas ou administrativas a distância.
SINTUFEJUF cobra proteção à saúde de trabalhadores de atividades essenciais ou estratégicas
Os reitores Marcus David e Girlene Alves abriram a reunião descrevendo as ações da UFJF no enfrentamento a Covid-19 e falaram sobre o processo de nomeação da gestão atual. Segundo eles, até o fim da pandemia será mantida a equipe de primeiro e segundo escalão na reitoria.
Durante a reunião, o coordenador de finanças do SINTUFEJUF Luiz Tegedor abordou sobre a necessidade de fornecimento de equipamentos de proteção individuais (EPI’s) para a garantia da proteção da saúde dos trabalhadores. Na última semana, a Fasubra lançou a Campanha de Solidariedade, com foco inicial na aquisição e distribuição de EPIs, para garantir condições adequadas de trabalho aos trabalhadores(as) da educação que atuam na linha de frente do combate à COVID-19 nos Hospitais Universitários (HU) e aqueles(as) de outros setores das Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) que estão cumprindo o trabalho presencial no desenvolvimento de pesquisas e estudos, produzindo equipamentos como EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), respiradores e insumos como máscaras, álcool em gel, entre outros. “Tive relatos em informes colhidos em reunião com entidades filiadas à FASUBRA sobre hospitais universitários da rede federal onde já há falta desses equipamentos. Alertei ao reitor que ao buscarmos as especificações e quantidades consumidas junto a trabalhadores do próprio hospital, percebemos que a quantidade despendida é alta para a realidade das finanças do sindicato e que essa ação seria pontual. O reitor detalhou as ações de campanhas de doações que estão sendo feitas em outras frentes e que há arrecadação de doações para esse fim” explica Luiz
A coordenadora de saúde do SINTUFEJUF Luana Lombardi lamentou a decisão da reitoria em aplicar os cortes previstos na IN28, como adicionais de insalubridade, periculosidade e trabalho noturno e auxílio transporte dos servidores que não estejam em trabalho presencial durante a pandemia ou que estejam afastados, destacando os impactos desta decisão principalmente dentro do hospital universitário. “Esta aplicação da IN28 impacta profundamente a renda de trabalhadores no enfrentamento. A gente vê isso como uma manobra maquiavélica do governo contra os trabalhadores, forçando pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, que tem mais de 60 anos, ou que possuem comorbidades que as colocam em situação de vulnerabilidade maior, a voltarem a trabalhar num ambiente insalubre” lamenta, Luana. Para ela, a decisão poderia ter sido coletiva, através do Consu.
O coordenador geral Flávio Sereno explica que esgotadas todas as possibilidades de negociação interna na UFJF, o SINTUFEJUF ajuizou uma ação para suspender os efeitos da IN28. “A arena agora é judicial. Nós tentamos convencer a reitoria e não conseguimos, levamos a discussão para o Comitê Administrativo e conseguimos aprovar uma recomendação de que os cortes não fossem realizados, mas o reitor negou o pedido do comitê, tentamos que o Conselho Superior fosse convocado e o reitor também não topou convocar o conselho, e agora nos resta a arena judicial para tentar reverter essa injustiça” afirma Flávio.
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