SINTUFEJUF, APES, DCE e GETS recepcionam comunidade acadêmica da UFJF e IF Sudeste com palestra de Carlos Latuff

12/03/2020

Nos dias 10 e 11 de março, o SINTUFEJUF, APES, DCE e GETS recepcionaram a comunidade acadêmica da UFJF e IF Sudeste MG respectivamente, com a palestra do chargista Carlos Latuff, durante o evento “Abertura de Semestre”. 

Com o tema “Destruição? Censura? O que está acontecendo com a educação e cultura no Brasil?” o objetivo era debater a atual conjuntura política nacional e o ataques às instituições federais de ensino, aos serviços públicos, a classe trabalhadora e a cultura.

Para o chargista, o que o país está enfrentando atualmente é resultado de um processo que pautou a política pela corrupção, e que a esquerda perdeu o caráter combativo, tornando-se esquerda ‘paz e amor’, enquanto a direita tornou-se radical. Ele critica a postura pacífica esquerdista de apostar apenas nas próximas eleições.

“É preciso partir para cima, ter enfrentamento, na palavra, nas redes sociais e nas ruas. Cabe a quem milita fazer o trabalho de base, reconstruindo a esquerda combativa que não abaixa a cabeça. Para isto, é preciso se unir e enfrentar um mal maior” explica. Latuff faz uma analogia com  trilogia cinematográfica dirigida por Peter Jackson, Senhor dos Anéis, em que os membros de uma sociedade esquecem suas diferenças para se unir contra um inimigo maior. Latuff alerta que o principal alvo do governo são as instituições públicas de ensino, uma vez que são os espaços de pensamento crítico. “Ou vocês se unem ou serão destruídos”.

Outra crítica construtiva é a necessidade de fortalecer a comunicação contra hegemônica, a produção audiovisual, músicas e a cultura, decodificando signos de forma a alcançar todo tipo de comunidade. O chargista fala da importância de cuidar do indivíduo, tanto do intelecto, quanto da saúde e lazer. Isto porque, segundo ele, estamos vivendo em um cenário de repressão. “A gente tem no governo a representação da pulsão de morte”, destaca.

A coordenadora geral do SINTUFEJUF, Maria Angela Costa abriu o evento na UFJF destacando a importância daquele momento para construir estratégias de enfrentamento. Segundo ela, diante de uma conjuntura de retrocessos e todo tipo de ataques, a partir do debate é possível vislumbrar alternativas e trocar ideias. “A gente está conversando sobre a nossa vida política, nossas ações, o que podemos e devemos fazer num período em que sofremos repressão de todos os lados. Nós trouxemos o Latuff para que ele possa trazer ideias, ânimo e disposição de luta. Isto porque, o que a gente precisa muito é conversar com pessoas que, assim como nosso convidado, estão no momento de resistência. Resistir e lutar é o teor da nossa conversa”, afirma Maria Angela.

A presidente da APES professora Marina Barbosa falou das recentes perdas de conquistas e a necessidade de construção da unidade para ampliar ainda mais a mobilização, tanto dentro da categoria quanto em toda a Universidade e no IF Sudeste. “São tempos difíceis, vivemos muitos ataques que tem como pano de fundo as perdas das frágeis conquistas democráticas no Brasil a partir de lutas incansáveis de várias gerações”. Ela destacou a mobilização das entidade para a greve do dia 18 em defesa do serviço público e da educação pública. 

Conforme a representante do DCE Mariana Lenzi o evento é o espaço para falar da censura, de tudo que está acontecendo na universidade, e a presença do DCE é fundamental na defesa da educação. “Vai ser mais uma luta que a gente tem que estar nas ruas para defender a educação e a previdência. Esta é uma luta contínua.” comenta. Mariana convocou os presentes para a construção da greve de 18 de março em assembleia geral  dos estudantes.

IF Sudeste MG

No IF Sudeste MG a palestra teve outra abordagem. Com a maioria do público na faixa etária dos 15 anos, Carlos Latuff optou por ouvir o entendimento que cada um tem de política, da atual conjuntura nacional e a percepção da realidade, para então iniciar o debate. Durante a conversa eles chegaram a conclusão de que o acesso a informação é amplo, porém de nada adianta se não houver formação para fazer os questionamentos necessários. Ele exemplificou falando sobre a atual discussão em torno do formato da terra, que muitas pessoas sem formação acreditam que seja plana. 

Respeitando as diversas religiões dos estudantes, Latuff destacou também o poder de convencimento das igrejas, capazes de decodificar um livro sagrado repleto de metáforas para alcançar os fiéis, sem qualquer questionamento dos mesmos. 

Ele provoca os alunos a serem protagonistas da história, e não apenas observadores. “É fundamental resistir a isso, se organizar e se aproximar do movimento estudantil”.

O chargista se demonstrou impressionado com a maturidade e conhecimento dos estudantes. “Saio daqui de alma lavada. Ganhei meu dia”. 

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