Riscos do retorno presencial sem vacinação será pauta de Plenária Nacional da Fasubra

22/06/2021

Os riscos do retorno presencial sem que todos estejam devidamente imunizados será pautado na Plenária Nacional Virtual da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) que acontece nos dias 25 e 26 de junho. De acordo com o coordenador geral da Federação, Antonio Alves Neto (Toninho), o retorno ao trabalho presencial de TAEs somente deveria acontecer com condições sanitárias necessárias garantidas e vacina para todas e todos. Entretanto, embora a Fasubra permaneça com essa posição, a Câmara dos Deputados aprovou em abril o Projeto de Lei PL 5595/20 que tenta transformar a educação presencial em serviço essencial, obrigando a oferta de aulas presenciais independentemente do estágio da pandemia. Toninho alerta sobre os riscos da aprovação desta PL, uma vez que além de forçar o retorno ao trabalho, estão inseridos outros ataques, que inclusive fere o direito de greve da educação no Brasil.

Além disso, conforme Toninho, alguns reitores estão tentando forçar as universidades ao retorno ao trabalho presencial como se nada estivesse acontecendo. “Portanto, mediante esse cenário e mediante ao cenário no qual a Fasubra está tentando nivelar com as entidades de base, onde possa estar tendo pressão dos reitores para o retorno ao trabalho presencial, nós decidimos pautar esse tema na Plenária para discutir a PL5595 e outras ações a serem feitas,  além da pressão junto a Andifes que a Fasubra já tem feito”, conta o coordenador. O objetivo, segundo ele, é consultar as entidades de base para avançar com novas ações.

 Exemplo disso, na Universidade Federal de Juiz de Fora, recentemente o Conselho Superior aprovou as ações preparatórias para retomada presencial em 4 cursos da saúde, prevendo esse retorno já para julho, o que sinaliza a intenção da administração de retomada das atividades presenciais. Deste modo, o coordenador geral do SINTUFEJUF, Flávio Sereno afirma que o sindicato está dialogando com os trabalhadores envolvidos nesses cursos com previsão de participação no semestre suplementar para transmitir a eles o que foi debatido e aprovado no conselho, com o objetivo de ouvir e melhor compreender seus anseios e opiniões sobre esse processo. “Já é possível afirmar que há uma grande preocupação quanto a segurança deste retorno sem vacinação completa em duas doses”, lamenta.

Conforme Flávio, o retorno seguro ao trabalho presencial não pode ser realizado sem a vacinação dos trabalhadores como um todo. “O Plano Nacional de Imunização prevê os trabalhadores da educação como o público a ser vacinado agora. Se o plano coloca esse conjunto de pessoas como prioritários é porque visa imunizá-los para que a volta ao seu ambiente de trabalho habitual se dê com mais proteção. Antecipar a volta antes da vacina é, na nossa compreensão um grave erro”, acredita.

De acordo com a coordenadora de Seguridade Social da Fasubra, Mariane de Siqueira, a orientação da Federação é para os sindicatos negociarem com as reitorias e não aceitarem o retorno ao trabalho presencial antes da vacinação completa de todos os membros da comunidade acadêmica. “Não somos nós da Fasubra que fazemos essa orientação, essa é a orientação dos próprios especialistas, dos cientistas, não somos nós, os trabalhadores sindicalistas que vamos fazer essa determinação. O que nós fazemos é ouvir a ciência, e a ciência diz para nós que a imunização só passa a ter um efeito coletivo a partir de 70% da população adulta vacinada”. Mariane reconhece que progressivamente haverá um retorno a partir do aumento do número de vacinados, entretanto, para ela ainda não é o momento, uma vez que o número de imunizados no Brasil ainda é muito pequeno, mesmo dentro das universidades.

Em alguns estados brasileiros já  teve início o processo de imunização das trabalhadoras e trabalhadores da educação. Em Juiz de Fora, este grupo foi contemplado na última semana, tendo continuidade de 22 a 25 de junho com a repescagem, entretanto, a categoria recebeu apenas a primeira dose, sendo a segunda prevista somente para setembro. Vale ressaltar que o processo não atinge toda a comunidade acadêmica, uma vez que não inclui os estudantes.

De acordo com o vacinômetro da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, atualizado na manhã desta segunda-feira, 21, até o momento menos de 95 mil habitantes receberam a segunda dose da vacina, o que representa cerca de 16% da população juiz-forana. O boletim epidemiológico publicado em 20 de junho aponta 71% de leitos UTI/SUS ocupados.

Deste modo, segundo a coordenadora de saúde do SINTUFEJUF, Luana Lombardi, nesse momento em que o município se encontra entre os maiores índices de transmissão e mortalidade por COVID-19 do Brasil, não é o momento de expor trabalhadores, suas famílias e toda a comunidade a um risco maior de contaminação e morte com as exposições e riscos em trabalho presencial. “Seguimos reivindicando a vacinação em massa de TAEs e de toda a população, sem vacinação da população não há como garantir o não contágio entre trabalhadores e trabalhadoras”, afirma.

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