Reunião da Fasubra com representantes das entidades de base discute a conjuntura nacional diante da pandemia e define calendário de lutas

05/06/2020

Na última quarta-feira, 03 de junho, a Direção Nacional da Fasubra Sindical se reuniu por videoconferência  com representantes das entidades de base para dar continuidade ao diálogo durante o período da Pandemia. Na ocasião, foi realizada a avaliação da conjuntura nacional e as formas de enfrentamento aos ataques do governo Bolsonaro. Os coordenadores do Sintufejuf Flávio Sereno, Luiz Tegedor e Isabel Cristina participaram pelo sindicato, a coordenadora Geral Maria Angela Costa representou a direção da Fasubra, em sua última reunião antes de sua desincompatibilização das duas entidades. Desde ontem, 04 de junho, Maria Angela está licenciada até o final das eleições municipais.

Para Isabel Cristina esta foi uma forma diferente de reunir, e apesar de ter acontecido por videoconferência, no conforto de casa, o debate é exaustivo e pertinente, a partir de assuntos que afetam servidores em todo o Brasil, como os cortes aplicados a partir da Instrução Normativa IN28 e o papel das universidades frente à pandemia. “Muitas Universidades, estão contribuindo na produção de álcool gel, EPIs, distribuição de cestas básicas aos funcionários terceirizados” explica. Isabel destacou também as lives que estão sendo transmitidas pelo canal do Youtube da Fasubra, todas as quintas-feiras às 16h, com temas diversos.

Para Flávio Sereno, a partir da reunião foi possível perceber que a realidade na maioria das Instituições Federais de Ensino no Brasil não é diferente da UFJF e IF Sudeste MG, com atuação em ações de enfrentamento da COVID19, e manutenção de atividades essenciais como na UFJF. “Elas mantém suspensas as atividades acadêmicas na graduação e na pós graduação, mas algumas poucas estão adotando a substituição pela EAD, o que consideramos um equívoco que deixa muita gente de fora e pode provocar retrocesso na democratização das instituições de ensino superior” opina.

Segundo ele, as principais dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores nas IFES são os cortes previstos na IN 28 que reduzem a remuneração de parte dos trabalhadores, além das condições de trabalho no home office e a segurança de quem tem que trabalhar presencialmente. “As entidades sindicais estão, em sua grande maioria, buscando a via judicial para tentar reverter os cortes. A UFRJ tem um caso diferente, que estamos buscando conhecer após relato da entidade sindical de lá na reunião. Pelo que foi dito pela representante, avançaram um pouco numa resolução do Conselho Superior que teria minimizado em parte o problema” explica. De acordo com Flávio, o SINTUFEJUF vai continuar lutando para reverter os efeitos da IN28, e está verificando as alternativas. A proposta do sindicato de que a UFJF não aplicasse os cortes e levasse a discussão para o Consu foi rejeitada pelo reitor.

Durante a reunião, a direção da Fasubra divulgou o calendário de lutas para os próximos dias, facilitando a organização dos sindicatos. O calendário definiu o dia de hoje, 05 de junho, como Dia Nacional de agitação Fora Bolsonaro e Fora Weintraub. O calendário definiu ainda o dia 10 de junho para Live da Conjuntura e o dia 13 para o Ato Nacional Fora Bolsonaro. Segundo Isabel Cristina ficou definido que os meios digitais serão usados para mobilização. “É pertinente a fala geral do Fora Bolsonaro e também a queda de Abraham Weintraub. Não podemos expor as pessoas a estarem nas ruas em aglomeração.”, opina Isabel.

O debate sobre manter apenas atividades virtuais e, pontualmente, presenciais sem aglomeração de massas está aberto na federação. Segundo a diretora da Fasubra e coordenadora geral do SINTUFEJUF, Maria Angela Costa, as estratégias de luta a serem utilizadas foi uma das pautas mais acaloradas. Ela compreende que a atual conjuntura política e social, com ataques do governo Bolsonaro, cortes de benefícios dos trabalhadores, ameaça de congelamento de salário dos servidores públicos, a truculência policial, principalmente com a população negra, os empecilhos para o pagamento do auxílio emergencial, tudo isso exige mobilização, entretanto, promover atos de rua num momento de crescimento da curva de casos e lotação nos leitos de UTI nos hospitais é preocupante. “Com tudo isso que está acontecendo no país e no mundo, somado a necessidade de confinamento, todo o estresse causado pela pandemia, as pessoas estão a um passo de explodir, porém, ir para as ruas não é a melhor saída neste momento. É preciso investir em outras formas de mobilização, na televisão, nas redes sociais, colocar outdoor nos lugares visíveis, estratégicos. Não é o momento de ir para a rua”, opina. Para ela é arriscado promover um ato de rua, mesmo orientando as pessoas dos grupos mais vulneráveis às complicações da Covid-19 a não participarem, e mesmo orientando pela manutenção de um distanciamento seguro e uso de máscara. “A gente sabe como funcionam as mobilizações, com a emoção do momento, o calor humano, não tem como manter distanciamento” diz.

Segundo Flávio Sereno, o enfrentamento à pandemia e a preservação da vida é a prioridade. “Não há dúvidas de que a pauta é justa correta e por demais importante. Os riscos de ruptura, ou pelo menos as ameaças de ruptura por parte de agentes do governo e aliados, são reais e tem que ser enfrentados. Portanto a Fasubra apoia as pautas. Mas a discussão de como esse apoio se manifesta ainda está sendo debatido na federação. Pessoalmente não vejo como atividades de rua possam ser convocadas agora pelo avançar dos casos confirmados de COVID19 no país. Quanto mais cedo a curva for achatada, mais cedo os trabalhadores poderão retomar seu habitual espaço de reivindicação e luta por direitos que são as ruas. Mas ainda não é possível devido à pandemia” afirma Flávio.

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