A reunião marcada para a última quinta-feira, 23 de maio, entre a FASUBRA Sindical e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), confirmou o descaso do governo federal com os técnico-administrativos em educação das instituições federais de ensino. A expectativa por avanços concretos foi frustrada por uma postura autoritária e sem diálogo por parte do secretário de Relações de Trabalho, José Lopez Feijó, que iniciou a reunião com atraso e apresentou negativas a todas as pautas da categoria, encerrando o encontro de forma abrupta.
Ao final do encontro, as coordenadoras gerais da Fasubra Cristina Delpapa, Ivanilda Oliveira e Loiva Chansi avaliaram as tratativas. Cristina Delpapa expressou indignação com a condução da reunião. “Nem conseguimos iniciar o debate. Feijó entrou, mandou desligar celulares e microfones, anunciou os nãos e saiu. Disse que deixaria a equipe para seguir a conversa, mas sem quem decide, não há o que dialogar. Para todas as pautas — reposicionamento, adesão ao PCCTAE, jornada de 30h — a resposta foi não. Uma reunião esvaziada de sentido.”
A coordenadora geral da FASUBRA, Ivanilda Oliveira, relatou que a reunião sequer teve início efetivo, sendo conduzida de maneira autoritária pelo secretário. “Feijó iniciou a reunião com 30 minutos de atraso e já chegou dizendo que era não para tudo. Disse que não tem 30 horas para todo mundo, que não há reposicionamento para aposentados e que tudo o que estava na pauta foi rejeitado, sem apresentar estudo técnico algum. Isso não é negociação, é imposição”, afirmou a coordenadora geral da FASUBRA, Ivanilda Oliveira.
Já a coordenadora Loiva Chansis denunciou que o governo federal está tentando deslegitimar o acordo firmado em 2024, tratando-o como se não tivesse valor. “O governo foi arrogante. Disse que não prometeu nada, que o termo de acordo era só para ‘estudar a viabilidade’. Encerraram o GT e disseram que, se prometemos algo à nossa base, era problema nosso. A resposta do governo foi não, não, não. E a nossa resposta precisa ser organização e luta!”
Diante do descaso, o segundo dia da paralisação nacional de 48 horas, convocada pela FASUBRA, ganhou ainda mais força.
Para o técnico-administrativo em educação da UFJF, David Silva, embora a Caravana tenha sido importante, a postura do governo frustrou as expectativas. “O ponto positivo foi participar da manifestação de forma ativa, com faixas, barulho e muita disposição para reivindicar o cumprimento integral do acordo da greve passada. A caravana foi boa, mas a reunião com o MGI não teve um bom resultado para a categoria. Mesmo com muita mobilização, barulho e tumulto na porta do ministério, todas as pautas foram negadas e a reunião foi encerrada rapidamente”, avaliou. Diante do impasse, ele defende o fortalecimento da luta: “Sem a mobilização da categoria, não teríamos conquistado ganho nas nossas carreiras e valorização frente ao governo. Sem greve, sem ganho.”
O coordenador de aposentados do SINTUFEJUF, Rogério Silva, que também participou da caravana, compartilhou da indignação da categoria. Segundo ele, a delegação foi à Brasília com expectativa de avanços, mas se deparou com um cenário de desrespeito e retrocesso. “O chamado da Federação foi atendido por várias bases, inclusive por nós. Fomos com a esperança de ouvir uma resposta positiva do governo. No entanto, o que vimos foi um completo desrespeito com a categoria, principalmente com os aposentados, que foram ignorados mais uma vez”, afirmou.
Rogério contou que, ao relatarem o encontro com o governo, as coordenadoras da FASUBRA descreveram uma reunião sem abertura ao diálogo e com imposições unilaterais. “A postura do secretário foi autoritária. Mandou desligar os celulares, deu sua negativa geral e saiu da sala dizendo que tinha outro compromisso. Deixou os assessores, que nada podiam decidir. As coordenadoras então se retiraram. O clima entre nós foi de revolta, e a resposta veio em coro: é greve!”, destacou.
Além de integrar a caravana em Brasília — convocada pela Federação para intensificar a pressão sobre o governo — o SINTUFEJUF realizou um ato na tarde de ontem, 22 de maio, no campus da UFJF, abrindo oficialmente a paralisação.
A concentração teve início às 13h, em frente à Reitoria. A manifestação denunciou a morosidade do governo federal em cumprir o acordo firmado após a greve de 113 dias, encerrada em 2024. A mobilização integrou o calendário nacional de lutas e teve como pauta central a exigência de avanços concretos em temas como a reestruturação da carreira, a implementação da jornada de 30 horas, o Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) para todos os TAEs, o reposicionamento dos aposentados, melhores condições de trabalho e regras justas para progressão.
Durante o ato, a indignação da categoria também foi direcionada à falta de investimento nas instituições federais. Enquanto o governo federal anuncia bilhões de reais para obras do Novo PAC, universidades e institutos seguem sem verba suficiente para manter as atividades básicas, como água, luz, limpeza, segurança e bolsas estudantis.
Se o governo insiste em dizer não, nossa resposta será mais luta.
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