No mês de setembro, a Fasubra Sindical se reuniu duas vezes com a direção da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) para discutir os mais recentes ataques do governo as universidades públicas. A primeira aconteceu de forma remota no dia 08. De acordo com o coordenador geral da federação, Antonio Alves Neto (Toninho), o foco do debate foram os cortes no orçamento das universidades e institutos federais anunciados pelo governo. A proposta de cortes na educação chega a R$ 4,2 bilhões, conforme o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2021. Também foram cobradas a posição da ANDIFES sobre o retorno ao trabalho em tempos de pandemia. Para a Federação este não é o momento para o trabalho presencial, uma vez que não há segurança suficiente ainda. Foi discutida ainda a defesa da democracia nas IFES. “Nós apresentamos nossa posição (contrária aos cortes). Também pautamos a questão das Instruções Normativas. Eles (a ANDIFES) colocaram a preocupação na defesa da Universidade, se dispuseram a fazer uma frente junto com a Fasubra e as outras entidades e marcar uma reunião para discutir este ponto”, explica Toninho.
Em relação a IN 65, que regulamenta o teletrabalho no serviço público, Toninho informou que o debate será aprofundado em reunião entre a Comissão Nacional de Supervisão de Carreira (CNSC) da Fasubra e a Comissão de Políticas de Recursos Humanos (CPRH) da Andifes a ser agendada. A discussão sobre a implantação da instrução e suas consequências também está sendo pautada nas assembleias de trabalhadores das entidades filiadas, conforme orientação da Fasubra.
De acordo com o vice-presidente da Andifes e reitor da UFJF, Marcus Vinícius David, as entidades reforçaram o compromisso em defesa educação pública, da importância de manter os esforços para reagir e resistir a todos os ataques às universidades. Também foi discutida a implantação do ensino remoto. Segundo ele, em muitas universidades essa prática estava sendo implementada sem o devido debate. “A Andifes reafirmou o princípio de estimular que as decisões nas universidades sejam pautadas de maneira democrática, envolvendo toda a comunidade”, afirma.
Já no dia 18, durante coletiva do Conselho Pleno da Andifes, representantes da Associação Nacional comentaram a nomeação de reitores das universidades federais que contrariam a escolha popular e a redução no orçamento de 2021. Na ocasião, a Fasubra foi convidada a realizar uma fala após a aberturas da reunião. De acordo com o dirigente da federação, Marcelino Rodrigues da Silva, o clima que antecedeu a reunião era tenso devido à polêmica da pauta, diante de um cenário em que o governo está intervindo na escolha de gestores das Universidades, atacando assim a autonomia política da IFES, com o objetivo implementar o desmonte de educação superior e aprovar o projeto FUTURE-SE. “Eu fiz uma fala representando a Fasubra no sentido de entender o momento delicado, mas nós da Fasubra defendíamos que seja respeitada a decisão da comunidade universitária tendo em vista que se é difícil hoje operacionalizar e dirigir uma universidade com os tamanhos que elas representa e a importância que ela tem para pesquisa e extensão, imagine quando uma pessoa é eleita em 3º lugar com uma votação totalmente inexpressiva como ta acontecendo? Como essa pessoa teria condições de tocar e gerir? Porque, para gerir uma universidade tem que ter dialogo harmonia e equilíbrio”, questiona Marcelino. Durante a reunião, foram ouvidos também dirigentes das entidades que representam os docentes, os estudantes e a comunidade científica.
Segundo Marcus David, a ampla maioria presente deliberou por reafirmar a posição em favor da nomeação pelo presidente da república do primeiro colocado na lista tríplice como reitor da universidade federal, conforme o princípio de que reitor eleito tem que ser reitor nomeado. “Nós temos que reconhecer que estamos vivendo um momento difícil na vida política no brasil passando por processo de questionamento sobre a importância da educação, sofrido os mais diversos ataques, como orçamentários, as possíveis mudanças na carreira dos trabalhadores. Neste momento todas as instituições têm que estar unidas na defesa das instituições de ensino públicas, e com a consciência da autonomia que a universidade tem que ter”, conclui Marcus David.
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