No dia 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, uma data marcada por reflexões sobre os avanços alcançados e os desafios enfrentados pelas mulheres ao redor do mundo. Este dia não é apenas uma comemoração, mas sim um lembrete das lutas históricas das mulheres por direitos, igualdade de gênero e reconhecimento de suas capacidades em todos os campos da sociedade.
Maria Angela Costa, coordenadora geral do SINTUFEJUF, expressa a importância da representatividade feminina dentro do contexto universitário. Ela ressalta a dificuldade enfrentada pelas mulheres para participarem ativamente do movimento sindical. “É preciso valorizar e reconhecer a participação feminina”, afirma Maria Angela, destacando que a atual gestão do SINTUFEJUF é composta por 17 mulheres em um total de 26 coordenadores.
Abordando as barreiras enfrentadas pelas mulheres na sociedade, Maria Angela enfatiza a persistência do preconceito e a luta contínua por igualdade de tratamento. Ela cita Simone de Beauvoir, afirmando: “Suas asas são cortadas, mas ainda assim ela é culpada por não saber como voar.” Ela faz um paralelo entre essa frase e a realidade das mulheres, que muitas vezes são cobradas, porém ao mesmo tempo cerceadas de ocuparem espaços políticos devido às responsabilidades familiares que recaem sobre elas, como as tarefas domésticas e de cuidado com a família, incluindo parentes idosos ou doentes.
Ela destaca as manifestações planejadas na França, nesta sexta-feira (8), para defender a igualdade de gênero. Neste Dia Internacional da Mulher, será selada na Constituição francesa a garantia do aborto. Para marcar a data, flores foram colocadas nos túmulos de personalidades franceses, como a escritora Simone de Beauvoir e a ex-ministra da Saúde Simone Veil, que lutou pelo direito ao aborto legal. Na Torre Eiffel foram projetadas frases feministas como “o meu corpo, a minha escolha”. Ainda dentro das comemorações pelo Dia da Mulher, acontece nesta sexta, na Prefeitura de Paris, uma conferência internacional sobre os direitos das mulheres no século XXI.
Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e no Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG), a luta pela igualdade de gênero também está em curso. Recentemente, o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação da UFJF (SINTUFEJUF) desempenhou um papel importante no enfrentamento do assédio moral e outras formas de violência.
Em um acordo de greve em 2022, os Técnicos-Administrativos em Educação (TAEs) conquistaram avanços significativos, incluindo a criação de um espaço permanente para a discussão e enfrentamento ao assédio, que contribuiu na elaboração de uma minuta da Política de Enfrentamento ao Assédio e Outras Violências, entregue à Reitoria da UFJF em 1º de março. Essa iniciativa, resultado das demandas levantadas durante as mobilizações dos trabalhadores, representa uma conquista significativa na luta contra o assédio e outras formas de violência de gênero.
Desde o início do movimento feminista, as mulheres têm lutado por direitos básicos, como o direito ao voto, à educação e à igualdade salarial. No entanto, apesar dos progressos alcançados, ainda há uma série de desafios a serem enfrentados, especialmente para as mulheres que enfrentam opressões cruzadas, como mulheres negras, periféricas e LGBTQIAPN+.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres enfrentam uma série de desigualdades no mercado de trabalho. Embora representem cerca de metade da população brasileira, as mulheres ganham, em média, 77,7% do salário dos homens, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Tipos de violência como física, psicológica, sexual e patrimonial afetam milhões de mulheres todos os anos, deixando marcas profundas em suas vidas e comunidades. As mulheres negras e periféricas são ainda mais prejudicadas, enfrentando uma série de obstáculos para acessar empregos formais e bem remunerados.
As mulheres LGBTQIAPN+ também enfrentam discriminação e violência em vários aspectos de suas vidas, incluindo no mercado de trabalho. De acordo com o Mapa da Violência, a população LGBTQIAPN+ é frequentemente alvo de discriminação e violência, o que se reflete em taxas alarmantes de desemprego e subemprego.
Vale lembrar que as mulheres também enfrentam o desafio das duplas jornadas, especialmente aquelas que são mães e cuidadoras. Mesmo trabalhando fora de casa, as mulheres muitas vezes assumem a maior parte das responsabilidades domésticas e de cuidado, enfrentando uma carga desproporcional de trabalho não remunerado.
No entanto, além dessas desigualdades socioeconômicas, as mulheres enfrentam também altos índices de violência de gênero. Segundo dados do Mapa da Violência contra a Mulher, em 2022, foram registrados mais de 105 mil casos de violência doméstica no Brasil, com uma média de um caso a cada 4 minutos. Além disso, os feminicídios continuam sendo uma triste realidade, com uma mulher assassinada a cada 7 horas no país, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Neste Dia Internacional da Mulher, é importante lembrar e homenagear mulheres que se destacaram na luta por direitos e igualdade, como Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro brutalmente assassinada em 2018. Marielle foi uma voz incansável na defesa dos direitos das mulheres, dos negros, dos LGBTQIAPN+ e das comunidades periféricas, e sua morte deixou um vazio na luta por justiça social no Brasil.
Enquanto celebramos os avanços alcançados, também devemos renovar nosso compromisso de continuar lutando por um mundo mais justo e igualitário para todas as mulheres, independentemente de sua raça, orientação sexual ou origem socioeconômica. A jornada rumo à igualdade de gênero é longa e desafiadora, mas juntas, podemos superar todos os obstáculos que encontrarmos pelo caminho.
Nosso reconhecimento pelas grandes lutas diárias.
Salve o dia internacional de luta da mulher!
Notícias mais lidas