Na semana passada, o coordenador geral do SINTUFEJUF, Flávio Sereno, participou da mesa “Formação Política e Formação Profissional”, na Semana da e do Assistente Social em Juiz de Fora. O evento foi organizado pelo Diretório Acadêmico (DA) do serviço social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e contou ainda com a participação da vereadora, Laiz Perrut, e do diretor da Escola Estadual Olavo Costa, André Luiz Avelar.
A mesa foi aberta com uma fala da ex-diretora da faculdade, Marilene Sansão, que rememorou a importância histórica que Padre Jaime Snoek teve para o DA do Serviço Social (que, inclusive, leva seu nome). Além de fundar a Faculdade de Serviço Social, padre Jaime defendeu a instituição durante o período da ditadura empresarial-militar brasileira e assegurou a sobrevivência de diversos militantes que protestavam contra os crimes do Estado naquele período, ajudando em sua busca após transferências de prisão e contatos fora do país para os exilados. O ecumênico ainda foi responsável por conservar e manter boa parte do acervo da Biblioteca Redentorista.
Após este momento, a vereadora Laiz Perrut comentou sobre a importância que o movimento estudantil teve para sua vida profissional e pessoal. Tendo sido coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) durante o período das Jornadas de Junho de 2013 e a expansão das universidades públicas durante o governo Dilma, a vereadora destacou como fazer um debate acerca da lógica financeira da UFJF e ter que tratar “com o diferente”, fizeram com que sua articulação política fosse potencializada. Ela usou como exemplo como, apesar de todas as dificuldades impostas pelos parlamentares da Câmara Municipal de Juiz de Fora e seu claro reacionarismo, foi possível aprovar o projeto de lei que institui o uso do nome social para pessoas transexuais no município.
O coordenador geral do SINTUFEJUF, Flávio Sereno, salientou em sua fala a importância de se participar do movimento estudantil e em como sua época de militância na graduação, o debate das privatizações das universidades públicas estava em voga. Reflexo desta política neoliberal nefasta é que até hoje é possível perceber uma diferença geracional causada pela lacuna de uma década sem concursos públicos para TAES. Flávio destacou ainda como participar deste movimento contribui para que novas habilidades, como oratória e melhor argumentação, possam ser trabalhadas. “Participar da política é participar dos destinos”, defendeu o coordenador na oportunidade.
Fechando a mesa, o diretor da Escola Estadual Olavo Costa, André Luis Avelar, reforçou em sua fala que na escola estadual em que atua é latente a percepção daquele espaço como um ambiente de transformação social, já que, lá, as marcas do racismo estrutural estão notadamente destacadas. Por mais que “tenha levado mais para o fígado do que para a cabeça” certas questões do movimento estudantil na época que o construía, André destaca que boa parte de sua formação teórica e intelectual se deu por sua inserção no movimento. Por isso, hoje ele é capaz de perceber as contradições causadas pelo racismo estrutural em nossas escolas, e na “catastrófica” política da Nova Escola, que “está sendo boa apenas para os filhos da elite, que foram priorizados”. Ao fim de sua fala, o educador defendeu que, por maior que seja o sufoco do dia a dia, é necessário voltar a práxis, ou seja, a transformação material da sociedade, que só pode ser alcançada através da junção da prática e da teoria.
Ao fim da mesa, o microfone foi aberto a perguntas do público, que celebrou a importância da universidade pública para a transformação das cidades ao entorno de Juiz de Fora, relembrou que fechar a União Nacional dos Estudantes (UNE) foi o primeiro ato da Ditadura Empresarial–Militar Brasileira, e prestou solidariedade a situação que os cobradores de ônibus de Juiz de Fora vem enfrentado.
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