Ciclo de Palestras encerra Mês da Consciência Negra organizado por SINTUFEJUF e APES

07/12/2022

“A vida me fez sambista e o samba me fez jornalista. Da escola da vida trago minha vida. pesquisa e dedicação”, conta a Coordenadora de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de Juiz de Fora, Samara Miranda, durante Ciclo de Palestras que encerrou o mês da Consciência Negra na quarta-feira, 30, no anfiteatro do SINTUFEJUF.

O evento organizado pelo SINTUFEJUF e APES contou também com as palestras da militante do movimento negro, Rita Félix, do Departamento de Memória e Patrimônio Cultural da FUNALFA, as políticas de cotas, e da ativista Adenilde Petrina, que debateu a cultura Hip Hop como forma de resistência. A coordenadora do Sintufejuf, Maria Ângela Costa participou da mesa de abertura, destacando a importância da luta contra o atual governo, que embora tenha sido derrotado nas urnas, ainda pode fazer muitos estragos no final de seu mandato, como fez durante seus quatro anos de poder, com ataques à classe trabalhadora e aos seus direitos, cortando verbas da educação, dos hospitais universitários e um total descaso com a população. A diretora da APES, Raquel Portes também compôs a mesa, destacando a importância das ações antirracistas, por meio da luta pela implementação de políticas públicas que promovam justiça social e o combate à discriminação racial.

De acordo com Samara, falar sobre mulheres e escola de samba é falar de toda a ancestralidade que envolve as mulheres e o meio em que as escolas de samba foram criadas, e sua espinha dorsal. “As raízes das escolas de samba são fincadas nos variados povos africanos, todos os povos que vieram para o Brasil escravizados”, explica. Entre as mulheres negras do samba, Samara destaca Tia Ciata, mulher baiana que inaugurou a cultura do samba, com a marca das mulheres e que até hoje reflete na Alas faz Baianas das Escolas de Samba, Dona Ivone Lara, compositora que recorria a amigos para poder concorrer com seus sambas nas escolas, uma vez que a participação feminina era proibida;  Clementina de Jesus, sambista que representava a cultura negra através de seu modo de cantar e vestimentas; Jovelina Pérola Negra, doméstica que cresceu como sambista; Leci Brandão, negra, lésbica, ativista e que levou o samba para a conscientização política.

De acordo com Rita Félix, as cotas raciais e sociais sempre existiram de forma excludentes ao longo de toda a história do Brasil, o que criou uma profunda desigualdade na estrutura social. Segundo ela, a necessidade de reparar tais desigualdades foram debatidas e a partir da III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, em setembro de 2021, quando o governo brasileiro da época assumiu o compromisso de Ações Afirmativas. Dentre essas ações, as Cotas raciais nas Universidades Públicas foram discutidas no sentido de permitir que estudantes negros pudessem ter acesso ao ensino superior a partir do aumento no percentual no número de número de vagas. “O acesso ao ensino superior possibilita uma ascensão social em curto prazo, fazendo com que em quatro anos, um contingente populacional negro possa ter acesso a possibilidades de vida diferenciadas para melhor”, explica, Rita. Segundo ela, as cotas raciais no ensino superior e no serviço público podem favorecer o acesso a bens e serviços de qualidade. 

A ativista Adenilde Petrina falou sobre sua vivência com o coletivo vozes da rua, desde a criação da Rádio Mega FM no bairro Santa Cândida  até o surgimento da biblioteca local, onde os jovens da periferia buscam diversas literaturas, como a filosofia africana, psicologia e a história do Brasil, para  reproduzi-las através da arte, perpetuando suas histórias de forma que não sejam apagadas. Para ela, a cultura hip hop, que envolve todos os elementos, desde o grafite, rap, break, b-boy, é uma forma de resistência, uma vez que envolve estudo, diálogo, troca, aprofundamento, e abre a visão, tanto de quem produz, quanto de quem consome. Com isso, Adenilde explica que a arte muda a concepção de mundo.

Notícias mais lidas