Na última quinta, 28/03, aconteceu no saguão da Reitoria da UFJF o café coletivo promovido pelo Sintufejuf, Apes e DCE, para dialogar com a comunidade acadêmica sobre a importância da educação pública e da Previdência Social Pública, que está sendo atacada pela proposta de reforma da previdência apresentada por Bolsonaro. O evento começou às 7h e marcou o Dia Nacional em Defesa da Educação Pública. O coordenador de organização e política sindical do Sintufejuf, Igor Coelho, afirma que esse tipo de atividade, assim como todas as outras iniciativas que visam dialogar com a comunidade sobre o desmonte da previdência e da educação pública, são essenciais no atual momento político do país. “E quanto mais a gente dialoga com a população a gente percebe que realmente a população não quer esse desmonte da previdência”, contou Igor. Ele também explica que atualmente o Sintufejuf está se articulando junto a outras entidades sindicais e sociais para construir uma Frente em defesa da previdência pública na cidade. A secretária geral do Andes – Sindicato Nacional, Eblin Farage, que participou do café, afirmou que a única possibilidade de ter vitórias, diante do atual governo, é através dessa união, com ações conjuntas dentro e fora da universidade.
Ela também afirma que hoje o que está em jogo é a desestruturação completa de todos os serviços públicos que temos. Para ela os ataques à educação pública e a reforma da previdência, assim como outras ações do governo, estão associados. “De fato a educação passa por um momento difícil, porque é um ataque conjugado de ações diretas à instituição, mas de um conjunto de outras ações – como a reforma da previdência, reforma trabalhista, terceirização ampla e irrestrita – que também atingem a educação. O que está sendo proposto não é uma reforma da previdência. É uma nova previdência, como o próprio governo diz. E essa nova previdência não tem absolutamente nada de público. É uma outra coisa. É um regime de capitalização, que vai ajudar banqueiros a lucrarem ainda mais”, afirmou Eblin. Ela também explica que as futuras gerações terão muita dificuldade de se aposentar, caso a proposta do governo Bolsonaro seja aprovada. Isso porque o mercado de trabalho, hoje, está cada vez mais desregulamentado e precarizado. Nesse contexto, contribuir por 40 anos com a Previdência Social será praticamente impossível.
O coordenador geral do DCE, Ramon Almeida, também ponderou o impacto do desmonte da previdência para as futuras gerações de trabalhadoras e trabalhadores, que hoje encontram-se estudantes. Ele explica que cada vez mais as pessoas permanecem nas universidades por mais tempo, seja fazendo uma segunda graduação ou cursos de pós graduação, mestrado, doutorado, etc. “Então se hoje a gente tem um jovem que vai concluir seu doutorado e começar a contribuir com a previdência só a partir dos 30 anos ou próximo disso, esse estudante vai demorar muito a se aposentar e vai ficar muito precarizado posteriormente, mesmo sendo um profissional altamente qualificado”, afirmou Ramon. Ele também apontou que, além da proposta de desmonte da previdência, outros projetos visam acabar com a educação pública e permitir a entrada do capital privado nessas instituições, como o corte de verbas da Fapemig, aplicado pelo governo Zema, a tentativa de criminalização da UNE, o projeto escola sem partido, etc.
A tentativa de boicotar o pensamento crítico em escolas e universidades, tratando-o como um pensamento ideologizado, está presente no projeto escola sem partido, mas também em outras propostas e manifestações do governo. O coordenador de organização e política sindical do Sintufejuf, Igor Coelho, afirma que isso tem servido como “cortina de fumaça para mascarar os problemas já existentes no subfinanciamento da educação”. Ou seja, muito se fala em ideologia e pouco se fala no financiamento de pesquisa, laboratórios, a necessidade de abertura de concursos públicos, etc. Igor chama atenção para a questão dos concursos e um dos impactos mais imediatos da proposta de reforma da previdência de Bolsonaro, caso aprovada. “Pessoas que tem experiência e tem toda a capacidade produtiva vão se aposentar, com medo de perder seus direitos. E quem ficar não terá reposição dessa força de trabalho. Então quem ficar vai ter que conviver com um déficit de força de trabalho muito grande. Isso obviamente vai impactar na qualidade do serviço prestado, na saúde do trabalhador e é só mais uma estratégia para o objetivo do liberalismo: o fim da universidade pública e gratuita”, afirma Igor. Todas as entidades que participaram da construção do café coletivo avaliaram positivamente a atividade e afirmaram que o diálogo com as trabalhadoras, trabalhadores e estudantes é essencial para a resistência hoje.
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