TAES da UFJF e IF Sudeste MG aprovam deflagração da greve em 23 de março, por tempo indeterminado, caso governo não negocie o reajuste salarial

17/03/2022

As trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação da UFJF (Juiz de Fora e Governador Valadares) e IF Sudeste MG (campus Juiz de fora e reitoria) aprovaram, por maioria e sem nenhum voto contrário, a deflagração da greve em 23 de março, por tempo indeterminado. Na ocasião foi aprovado também o fundo de greve, com o desconto de 1% no contracheque de abril, e a instalação do Comando Local de Greve para organizar a mobilização, definir as estratégias de comunicação e a manutenção do atendimento a demandas específicas. A decisão ocorreu em assembleia geral virtual na manhã desta quinta-feira, 17, e contou com mais de cem participantes, público recorde desde o início da pandemia

O coordenador geral do SINTUFEJUF, Flávio Sereno destaca que a paralisação inclui todos os trabalhadores, tanto da UFJF (Juiz de Fora e Governador Valadares), quanto os do IF Sudeste MG (campus Juiz de Fora e Reitoria). “Ainda estamos em trabalho híbrido, diferente da greve sanitária que consistia em parar apenas o trabalho presencial, nesta é imprescindível paralisar também o trabalho remoto”, relembra.

A greve segue orientação da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) em consonância com o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e Fórum Nacional das Categorias Típicas de Estado (Fonacate). O objetivo é realizar um movimento unificado para exigir a abertura de negociação do reajuste salarial das servidoras e servidores públicos federais. As entidades reivindicam a recomposição salarial de 19,99%, índice correspondente apenas às perdas inflacionárias relacionadas ao período do atual governo.

De acordo com a coordenadora geral do SINTUFEJUF, Maria Angela Costa, a deflagração de uma greve não acontece repentinamente. “Ela vem sendo construída ao longo de um período de mobilizações. São vários ataques que a gente vem sofrendo e muitas as manifestações que temos feito, mesmo com toda dificuldade imposta por esse período de pandemia, que limita muito”, afirma. Ela reforça ainda a importância da categoria participar do Comando Local de Greve, para fortalecer o movimento.

A construção da greve unificada teve início ainda em janeiro com a paralisação do dia 18 daquele mês. Isto porque, desde dezembro, apesar da pressão, o Governo se nega a receber as entidades representativas e a considerar as reivindicações apresentadas em conjunto pelas categorias organizadas no Fonasefe e Fonacate. Deste modo, as servidoras e servidores públicos aderiram ao Estado de Greve (entre 14 e 25 de fevereiro), como forma de alertar os governantes sobre a possibilidade de deflagração da greve, instrumento legal e legítimo de luta e reivindicações.

A Coordenadora de organização política e Sindical, Natalia Paganini, enviou seu relato pra direção do sindicato dizendo que a manifestação foi bem representativa em termos de categorias do serviço público federal presentes, e que será mantida vigília em frente ao Ministério da Economia até o dia 22, véspera do início da greve, a fim de tentar abrir mesa de negociação com o governo sobre as pautas apresentadas.

Dentro do calendário definido, no âmbito local, foram realizadas tendas de mobilização na Sede Campestre do SINTUFEJUF e na reitoria da UFJF. Além disso, a categoria aprovou a participação nas mobilizações de 08 de março e aderiu à paralisação nacional das atividades presenciais e remotas, ontem, 16, dando um ultimato para que o governo negocie o reajuste salarial. Caso isso não ocorra, a greve será iniciada a partir do dia 23 de março, conforme aprovação da assembleia.

Sem reajuste salarial desde 2017, as trabalhadoras e trabalhadores do serviço público federal acumulam uma defasagem nos salários de, pelo menos, 49,28%. Enquanto isso, o orçamento aprovado para 2022 prevê R$1,7 bi de reajuste apenas para Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional. No entanto, a reivindicação de 19,99% é referente à inflação acumulada durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA/IBGE). A categoria cobra ainda a revogação da Emenda Constitucional 95 (teto de gastos), a revogação do Decreto 10.620 (que transfere as aposentadorias e pensões dos servidores vinculados às autarquias e às fundações públicas para o INSS) e a derrubada da Proposta de Emenda à Constituição 32 (Reforma Administrativa).

Pauta Local

Durante a assembleia, foi definida também a pauta local específica das trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação da UFJF (Juiz de Fora e Governador Valadares). Já a do IF Sudeste MG (campus Juiz de fora e reitoria), será definida pelo Comando Local de Greve.

Confira a Pauta local na UFJF:

1. Não integração do ponto eletrônico ao sistema do Ministério da Economia. Manutenção do sistema próprio da UFJF sem integração ao SISREF.

2. Manter sistema de ponto desligado durante a greve.

3. Manter os recessos registrados no ponto, como antes do desligamento do sistema.

4. Manutenção das aposentadorias na UFJF, sem repassá-las para o INSS 

5. Retomada plena do transporte de funcionários.

6. Garantia das folgas do HU, definidas nos feriados e recessos.

7. Criação de referência dos trabalhadores TAE’S do HU, responsável por acompanhar as condições de trabalho.

A assembleia deliberou ainda que o comando local de greve deve analisar as pendências locais  da última greve, verificando a conveniência e oportunidade de incluir parte ou todas elas na pauta local da greve atual.

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