Trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação, em assembleia na manhã de ontem, 06 de março, no anfiteatro do prédio novo do Instituto de Ciências Humanas (ICH) aprovaram por unanimidade a paralisação exclusivamente feminina no dia 08 de março, em adesão à Greve Internacional da Mulheres. Na data, haverá panfletagem na parte da manhã e da tarde em diversos pontos da cidade, e a partir das 17h, acontece o Ato Unificado 8M-JF, com marcha e Saurau feminista.
A coordenadora de educação e formação sindical, e organizadora do evento Natália Paganini abriu as discussões sobre o 08 de março convidando a todas e todos para participarem das atividades que estão sendo realizadas no “Março de lutas do Sintufejuf”. A coordenadora afirma que a luta é de todas as mulheres e de toda a sociedade, unidas, cada uma com sua história. “Não somos homogêneas, não somos iguais. Cada mulher é autora de sua trajetória, de maneira diferente, seja a mulher negra, indígena, periférica, ribeirinha, com deficiência, mulher trans ou cis, lésbica ou bissexual. Este evento contempla o máximo de diversidade”, explica Natália.
Segundo ela, no ano passado, as trabalhadoras técnico-administrativas do Sintufejuf foram as pioneiras na greve do 08 de março, e este ano, já são a terceira categoria a deflagrar a paralisação. O SindUTE deflagrou greve a partir de 08 de março, as trabalhadoras da AMAC também irão paralisar. E para somar forças, em assembleia na noite de ontem, a APES também indicou adesão ao movimento. “Estamos fortalecendo outras categorias a fazerem o mesmo”, comemora Natália.
Ela destaca ainda que a sociedade é marcada por uma cultura machista patriarcal, que por ser de longa data, o machismo já foi naturalizado. Por isso, é necessário o homem se reconhecer machista, somente assim será possível evitar estas práticas, muitas vezes reproduzidas também por mulheres. “Nenhuma mulher é machista, pois para ocupar o papel de opressor, é preciso estar em diferente nível de hierarquia, mas muitas acabam reproduzindo estas práticas machistas”, explica.
O objetivo é que a greve seja somente de mulheres, mas para aqueles que quiserem contribuir com a causa, Natália lista 6 maneiras: 1) fazer, em seu setor de trabalho, apenas o que lhe compete, deixando o trabalho das mulheres descoberto para que sua ausência tenha impacto social e econômico. 2) Assumir integralmente as atividades domésticas, como a limpeza, a alimentação, o cuidado com as crianças, pessoas idosas e doentes. Isso no 08 de março, no resto do ano não esquecer que devem ser divididas com a companheira. 3) Divulgar as atividades programadas para o mês de Luta das mulheres e conversar com companheiros e companheiras sobre a importância da igualdade de gênero; 4) Apoiar politicamente a greve e criar espaços de discussão em seus setores de trabalho para que mais pessoas entendam e agreguem ao movimento; 5) Assumir atividades operacionais de apoio ao atos, como estrutura e divulgação, desde que orientadas pelas companheiras; 6) Respeitar o protagonismo das mulheres e lutar contra o machismo. Todos os dias do ano.
A organizadora do Ato Unificado, Lucimara Reis, parabenizou a iniciativa do Sintufejuf. Ela citou as estatísticas da violência contra a mulher. “A greve exclusiva de mulheres serve para a gente dar o nosso recado. Neste momento a gente quer o protagonismo. Precisamos quebrar a sociedade machista e para isso é preciso haver unidade na luta”.
Para a técnico-administrativa do hospital universitário, Janemar Melandre (Jane), existe ainda o machismo velado, inserido em discursos como o de que ‘atrás de um grande homem, tem sempre uma grande mulher’. “Essa frase é machista, é preciso caminhar lado a lado. Que no dia 08 de março, estejamos todas e todos na Praça da Estação, para lutar contra o machismo”, convida Jane.
A coordenadora de atividades culturais Elaine Damasceno lembrou que a coordenação atual do Sintufejuf possui paridade entre homens e mulheres. Já na eleição de 2014, a composição da chapa 2, encabeçada pelos atuais coordenadores, era também paritária. Ela sugere que seja feita uma mudança no estatuto do sindicato que garanta essa paridade nas próximas eleições, e que seja garantido ainda um percentual de mulheres negras. “As cotas são necessárias para dar representatividade, e nós devemos ser protagonistas da vida”. A proposta da coordenadora, foi aprovada por unanimidade pela categoria na assembleia. Também foi aprovada a mudança do nome do Sintufejuf (mediante consulta ao jurídico), inserindo o feminino, a criação de uma comissão para organizar as atividades do 8M, mobilizando também as trabalhadoras terceirizadas da universidade, dialogando com seus respectivos sindicatos, além da deflagração da greve exclusivamente de mulheres.
Relatos da Plenária, negociação com o governo e seminário dos vigilantes
O coordenador geral do Sintufejuf, Flávio Sereno abriu a assembleia relatando sobre a reunião de negociação com o governo. Segundo ele, o governo se comprometeu a rever o decreto nº 9.262, que extingue mais de 60 mil cargos públicos. Flávio destaca que a mesa de negociação só existe, graças a greve que iniciou em novembro do ano passado, e a ocupação no Ministério do Planejamento em dezembro. Em relação ao não cumprimento do Termo de Acordo de 2015, a justificativa é a mudança de governo. No entanto, a Fasubra reafirma que a assinatura foi com o Estado Brasileiro, independente dos governantes, e por isso, deve ser cumprido. A próxima reunião está prevista para o final de março.
Entre os avanços da reunião, Flávio Sereno destaca a suspensão de um comunicado da Secretaria de Gestão do Pessoas do Planejamento aos dirigentes de recursos humanos das instituições de ensino superior públicas, que orientava a absorção do Vencimento Básico Complementar (VBC), disposto no artigo 15 da Lei 11091/15. O comunicado foi retirado graças ao questionamento da Fasubra, argumentando que a medida não pode incidir sobre benefícios da Carreira, como o incentivo à qualificação e capacitação. Com isso, o governo reconheceu o equívoco.
O técnico-administrativo Hitamar de Souza Ramos, participou o dia 01 de março da reunião de organização para o “XXVII Seminário Nacional de Segurança nas IPES, IFETs e EBTTs”. Segundo ele, cada ano, o seminário acontece em um estado diferente, e desta vez, será em Brasília, entre os dias 05 e 11 de agosto. A data foi escolhida para aproveitar o momento de campanha eleitoral, realizar agenda com o Ministério Público e com o MEC para debater o assunto e mostrar a importância do vigilante. “Atualmente, no governo, não existe uma pauta específica sobre a segurança nas universidades. Neste seminário vamos dialogar com as universidades que já estão mais avançadas em termos de segurança”, explica Hitamar.
A coordenadora geral do Sintufejuf Maria Angela Costa lembrou que nesta Plenária a Fasubra orientou que as bases priorizassem a participação feminina, com o objetivo de construir o 8M. Desta forma, conforme decisão de assembleia realizada no dia 21 de fevereiro, participaram da plenária, representando as técnico-administrativas em Educação da UFJF, Maria Angela Costa (indicada pela direção do Sintufejuf), Denise Rodrigues (chapa Avante), Janemar Melandre (representando o coletivo Tribo) e Erica Aparecida (eleita em Governador Valadares).
De acordo com Maria Angela, além de discutir o machismo e a precarização das universidades, imposta por um governo de extrema direita, a Plenária também discutiu sobre o Congresso Nacional da Fasubra (CONFASUBRA), que acontece de 06 a 11 de maio, em Poços de Caldas. “Conseguimos chegar num acordo para que a categoria saia unificada nesse congresso, com a organização das trabalhadoras e dos trabalhadores para fazer o enfrentamento este ano, que não vai ser fácil”, diz Maria Angela.
Janemar Melandre e Denise Rodrigues construíram um relatório único. Segundo elas, o machismo existe em todos os sindicatos. Entre os temas debatidos, estão o assédio, aborto e todos os temas de opressão contra as mulheres. Em relação aos cortes e redução da insalubridade, as trabalhadoras informaram que a Fasubra orientou que todos os sindicatos encaminhem um relatório sobre o que está acontecendo em suas bases, para que a Federação construa um documento a ser enviado ao MEC, solicitando a revisão da normativa.
Jane aproveitou a fala para parabenizar o Sintufejuf pelo espaço lúdico educativo “Maria Firmina dos Reis” que será inaugurado hoje.
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