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GT Antirracismo do SINTUFEJUF retoma atividades com foco na organização do 20 de Novembro e no fortalecimento da luta institucional contra o racismo

15/07/2025

O Grupo de Trabalho Antirracismo do SINTUFEJUF retomou suas atividades em reunião realizada na última quarta-feira (9), com uma ampla participação da base e da direção do sindicato. O encontro marcou a reorganização interna do GT e abriu importantes reflexões sobre o enfrentamento do racismo nas instituições públicas de ensino, destacando experiências vividas na UFJF e no IF Sudeste MG, bem como o engajamento nas articulações nacionais promovidas pela FASUBRA.

O coordenador de Aposentados do SINTUFEJUF, Rogério Silva, ressaltou o esforço para reunir o GT e compartilhou relatos sobre as recentes reuniões do GT Raça e Etnia da FASUBRA, onde houve embates em torno da composição e organização dos grupos de trabalho nacionais. “Já começamos a construir o nosso 20 de Novembro, porque este ano ele precisa acontecer antes do feriado, já que o Encontro Nacional da FASUBRA está marcado para os dias 22 a 24 de novembro, seguido da participação na Marcha das Mulheres Negras no dia 25”, destacou Rogério.

Durante a reunião, foi discutida ainda a importância de se realizar ações locais de enfrentamento ao racismo institucional. Um caso recente na UFJF, envolvendo a neta de um dirigente sindical vítima de discriminação, gerou comoção no grupo. O GT avaliou a necessidade de uma resposta pública e coletiva, independente do posicionamento da Ouvidoria da universidade.

Lutas que deixaram marcas

Os participantes relembraram mobilizações anteriores organizadas pelo sindicato, como o ato realizado após um episódio de racismo no Restaurante Universitário da UFJF, quando uma funcionária foi discriminada por um estudante. Na ocasião, o SINTUFEJUF organizou uma manifestação em solidariedade à servidora, o que fortaleceu sua posição diante da universidade.

Outro episódio citado foi a expulsão de um estudante negro do IF Sudeste MG, após um conflito com um aluno branco que recebeu punição mais branda. O SINTUFEJUF atuou em conjunto com outras entidades para denunciar o racismo institucional e garantir a reintegração do estudante, revertida posteriormente pela Justiça. “Foi uma vitória da luta do povo negro”, celebrou Rogério.

Maria Ângela Costa destacou que esteve presente na reunião do Conselho Superior do IF Sudeste MG, onde defendeu a igualdade de tratamento entre os estudantes. “O sindicato participou ativamente desse processo. Não houve lesões físicas, mas a diferença de tratamento deixou claro o racismo institucional”, pontuou.

Entre o individual e o estrutural

O coordenador de Organização e Política Sindical do SINTUFEJUF, João Marcos Gonzaga, reforçou a necessidade de a luta antirracista extrapolar o plano individual e alcançar o campo institucional. “Enquanto as decisões estiverem nas mãos de pessoas brancas, dificilmente veremos mudanças reais. É fundamental que pessoas negras ocupem espaços de poder – nas universidades, nos conselhos, na política”, defendeu.

João Marcos também pontuou a importância da atuação coletiva e estruturada, criticando práticas como a fragmentação de movimentos sociais, que segundo ele enfraquecem a luta negra. A fala gerou debate sobre a Marcha das Mulheres Negras, com ponderações importantes sobre a necessidade de espaços específicos para mulheres negras se expressarem com autonomia, principalmente em contextos de violência doméstica.

Preparação para o FOPIR e fortalecimento da participação negra

A reunião também debateu os preparativos para o 14º Fórum Permanente pela Promoção da Igualdade Racial (FOPIR), que acontecerá em Barbacena. Maria Ângela reforçou a necessidade de garantir melhor infraestrutura e segurança para os participantes. “Não aceitaremos mais sermos colocados em locais perigosos, insalubres ou improvisados. A luta do povo preto merece respeito e estrutura”, afirmou. Rogério ponderou que a cobrança deve ser proporcional às condições das entidades e defendeu mais transparência na prestação de contas dos organizadores.

Unidade e mobilização

Ao fim da reunião, os participantes reforçaram a necessidade de unificar e ampliar o GT Antirracismo do SINTUFEJUF, com reuniões frequentes e participação ativa da categoria. Entre as propostas, estão a produção de materiais de divulgação para a campanha do 20 de Novembro, ações formativas, e apoio à entrada de pessoas negras nos concursos e cargos de gestão nas instituições públicas. “Queremos fazer mais do que um evento por ano. Precisamos estar nas ruas, nos conselhos, nas decisões. A luta antirracista precisa ser contínua e coletiva”, concluiu João Marcos.