Técnicos-Administrativos do IF Sudeste MG (Reitoria, Campi Juiz de Fora e Santos Dumont) finalizam a greve e retomam as atividades nesta terça-feira, 09

08/07/2024

A greve das trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos em educação do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, IF Sudeste MG (Juiz de Fora, reitoria e Santos Dumont), que perdurava há mais de 100 dias, chegou ao fim. As atividades serão retomadas nesta terça-feira, 09. Apesar da orientação da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) para o término da greve nacional em 02 de julho,os TAEs do instituto mantiveram-se em negociação das pautas locais até a presente data.

Na última sexta-feira, 05, em assembleia geral, a categoria do IF Sudeste MG finalizou as sugestões de alteração no documento para serem apreciadas pelo reitor André Diniz, e decidiram que, caso fossem acatadas sem qualquer mudança substancial, os TAEs retomariam as atividades. O texto, aborda desde o compromisso com as pautas locais dos TAEs, até a recomposição das atividades represadas durante a greve. 

Deste modo, entre as principais alterações estiveram a inclusão das representações sindicais (ou comandos locais) na mediação de possíveis conflitos a partir do acordo. A categoria também considerou relevante incluir os desdobramentos da pauta dos Tradutores Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (TIL’s), referente à adequação imediata da jornada de trabalho à Lei nº 12.319  e sobre a licitação para contratação de Plano de Saúde. 

Já os TAEs da UFJF se reunirão em assembleia amanhã, 09, às 14h no SINTUFEJUF e pela plataforma meet  para debater sobre o Termo de Acordo Local. O documento enviado para a reitoria na última sexta-feira, após alterações propostas em assembleia, foi discutido nesta segunda-feira, 08, pelo Comando Local de Greve e administração superior.

Avaliação da greve

Na assembleia realizada no dia 27 de junho, a categoria havia decidido não assinar a minuta do termo de acordo nacional de greve proposta pelo governo federal, uma vez que o documento foi disponibilizado aos técnicos durante a própria assembleia. A principal reivindicação dos trabalhadores, que incluíam a recomposição salarial e a reestruturação de carreira, ainda não havia sido plenamente atendida. Conforme o coordenador geral do SINTUFEJUF, Flávio Sereno, os trabalhadores optaram por solicitar ao Comando Nacional da FASUBRA que não assinasse o acordo imediatamente e pedissem um prazo maior para análise do documento. Entretanto, mesmo sem consenso entre todas as entidades da FASUBRA, o termo foi assinado naquela mesma data e a saída unificada da greve foi orientada para o dia 2 de julho. Porém, tanto os TAEs da UFJF quanto do IF Sudeste MG decidiram manter a greve até que acordos locais fossem firmados. 

Flávio Sereno destacou a importância do direito de greve como instrumento de conquista, apesar dos erros e atropelos na última semana. Em carta aberta publicada pelo SINTUFEJUF, o coordenador Geral afirmou que, mesmo com a recomposição salarial insuficiente, a greve trouxe avanços significativos na carreira dos TAEs. Para ele, apesar de não terem alcançado a recomposição salarial desejada, a greve conseguiu melhorar a estrutura de carreira e forçar o governo a oferecer um reajuste de 9% em 2025 e 5% em 2026, superando a proposta inicial de 4,5% + 4,5% nos próximos dois anos.

Flávio acredita que a greve foi essencial para conquistar avanços que não seriam possíveis de outra forma. “Estamos disputando orçamento com forças muito poderosas presentes na estrutura do Estado Brasileiro. O resultado não é justo, mas é um resultado conquistado”, afirmou ele, destacando a importância de continuar lutando por melhores condições.

Douglas Zancanella, representante do Comando Local de Greve do IF Sudeste MG em Santos Dumont, avaliou positivamente a mobilização e união das categorias, que incluíram também professores e alunos. Ele destacou a necessidade de analisar tanto os acertos quanto os erros para futuras mobilizações. “O que a gente pôde perceber foi o grande movimento de greve da educação como um todo. Não só dos técnicos administrativos em educação, mas também dos professores, juntando várias entidades sindicais. E tanto foi esse movimento grande, que a gente conseguiu várias conquistas no acordo de greve assinado em Brasília, em que estavam os sindicatos da Fasubra, Sinasefe e APES. O resultado poderia ter sido melhor, tivemos alguns percalços ao longo do caminho, mas fazem parte para aprendizado, para a próxima greve”, explica. Ele relembra a experiência de fazer um ato unificado em Santos Dumont durante a greve, com panfletagem, palanque e caixa de som, culminando com o apoio do Grêmio Estudantil. “Nós entendemos que essa unidade foi muito favorável ao movimento, o que fez a gente ter essa proporção de mobilização para a luta”, opina. Douglas faz críticas a algumas questões de orientações do Comando Nacional de Greve, da FASUBRA, que considerou “conflitantes ou ambíguas” provocando confusão, e também ao posicionamento do governo, que impossibilitou a discussão da proposta apresentada, para que fosse analisada com cautela. 

Entre as pautas do IF Sudeste MG, Douglas destaca que foi possível fechar o acordo sobre a implementação do edital do Programa de apoio à capacitação (PROAC), a compensação das atividades represadas e sobre o registro da frequência do ponto em papel, do ponto eletrônico e do PGD. “Conseguimos definir um acordo de como deve ser o registro do ponto nessas três modalidades, de forma que não fique inseguro para os servidores”, conta.

Daniele Fabre, representante do Comando Local de Greve do IF Sudeste MG em Juiz de Fora, reconheceu que, apesar do acordo com o governo ter ficado aquém do esperado, a greve trouxe ganhos importantes e mobilizou um grande número de servidores. “Estou na instituição desde 2016 e essa greve, com certeza, foi a com maior adesão por parte dos TAES. Tanto na Reitoria quanto nos campi Juiz de Fora e Santos Dumont tivemos setores com adesão de todos os servidores. Outro avanço do movimento em relação a outras greves foi o aumento considerável de servidores que se envolveram nas atividades do comando local”, avalia. Segundo ela, a reunião com o reitor do IF Sudeste MG, André Diniz, resultou em acordos satisfatórios sobre a reposição do trabalho e outras pautas locais. 

Vale ressaltar que o termo local ainda não foi assinado, uma vez que o documento ainda está sujeito a análise e modificações pelo SINASEFE, tendo sido apreciado apenas pela APES e SINTUFEJUF.

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