Dia da Consciência negra traz reflexões sobre os desafios atuais no enfrentamento à violência e opressão contra população preta no Brasil

20/11/2023

No dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é importante refletir sobre as questões raciais que ainda marcam a nossa sociedade. Apesar dos avanços na luta contra o racismo ao longo dos anos, ainda há muito o que se fazer para garantir igualdade de direitos e respeito às pessoas pretas.

Segundo dados do Mapa da Violência 2019, negras e negros são as principais vítimas de homicídio no Brasil. Em 2017, a taxa de homicídio entre esse grupo foi de 43,1 por 100 mil habitantes, enquanto entre pessoas brancas foi de 16 por 100 mil habitantes. Mulheres negras continuam a enfrentar altos índices de violência, tanto física quanto psicológica, moral, sexual e patrimonial. Em 2017, a taxa de feminicídio entre negras foi de 4,5 por 100 mil habitantes, contra 1,6 por 100 mil entre brancas.

Outro aspecto que merece atenção é a violência contra a população negra LGBTQIAPN+. Segundo um levantamento do Grupo Gay da Bahia, em 2019, o número de homicídios de pessoas LGBTQIAPN+ no Brasil foi 329, sendo que 77% das vítimas eram negras.

Dados do IBGE apontam que a população negra no Brasil ainda enfrenta desigualdades socioeconômicas e de acesso a serviços básicos como saúde e educação. A taxa de analfabetismo entre pessoas negras é de 9,1%, contra 4,2% entre brancas. A renda média mensal de pessoas brancas chega a ser mais do que o dobro da de pessoas negras.

No ambiente das universidades públicas federais, houve avanços significativos na inclusão de estudantes negras e negros, impulsionados por políticas de cotas raciais. Contudo, a questão da permanência e do suporte a esses estudantes ainda é um desafio específico. Apesar do aumento na entrada, a taxa de evasão entre estudantes negras e negros continua alta, diminuindo a necessidade de políticas de assistência estudantil específicas.

Além disso, a representatividade no corpo docente e de trabalhadoras e trabalhadores Técnicos Administrativos em Educação é fundamental para criar ambientes mais inclusivos e inspiradores. Maior representatividade nas séries curriculares, incluindo conteúdos que abordem a história e a cultura afro-brasileira de maneira mais ampla e precisa, é fundamental para uma formação mais inclusiva.

Esses desafios apontam para a necessidade contínua de políticas que não apenas facilitem o acesso, mas também garantam a permanência, promovam a representatividade e combatam o racismo dentro das instituições de ensino superior. O investimento em programas de apoio, a revisão curricular e a criação de espaços seguros, livres de assédios e outras violências,  são algumas das medidas permitidas para garantir uma experiência acadêmica mais equitativa para estudantes negras e negros.

Essa representatividade é fundamental para criar ambientes mais inclusivos e inspiradores nas universidades públicas brasileiras. A presença de profissionais negras e  negros não apenas amplia perspectivas, mas também fortalece o ambiente de ensino, oferecendo modelos diversos e relevantes para a formação acadêmica.

Encerrando, as palavras da educadora brasileira, Lélia Gonzalez, ressoam como um chamado à ação: “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haja guerra.” Neste Dia da Consciência Negra, reafirmamos a importância da luta contínua por espaços de representação e igualdade nas universidades públicas brasileiras, buscando construir um futuro livre de racismo, onde todas e todos tenham oportunidades justas e onde a diversidade seja celebrada e respeitada. Não basta lutar contra o racismo é necessário ser antirracista!

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