GT de Mulheres discute assédio no local de trabalho e participação do sindicato na 7ª edição da Marcha das Margaridas

07/08/2023

Na manhã desta segunda-feira, 7, aconteceu na sede administrativa do SINTUFEJUF e pela plataforma Meet, uma reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Mulheres. O encontro teve como pautas centrais a discussão sobre enfrentamento ao assédio no local de trabalho, a retomada das demandas dos movimentos sociais relacionados à luta das mulheres e a participação do sindicato na 7ª edição da Marcha das Margaridas, que tem como tema: “Margaridas em Marcha pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver” e ocorre em Brasília nos dias 15 e 16 de agosto de 2023. 

De acordo com a coordenadora do SINTUFEJUF, Luana Lombardi, a retomada do GT no pós pandemia é muito importante, tendo em vista o agravamento de muitos problemas durante o período pandêmico e os seis anos de abandono da população brasileira e dos servidores públicos do setor de educação durante o governo golpista de Temer e a presidência neoliberal e fascistóide de Jair Bolsonaro. 

“Voltamos com o assunto da nova construção de minuta de assédio dentro da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em que nós vamos levantar, dentro da nossa categoria, pontos que nos fragilizam em relação a isso, e nos fortalecer através de uma formação, que foi uma das demandas que surgiram da reunião de hoje, a de fazermos uma formação com as mulheres a respeito de como identificar e reagir a assédios sofridos”.

Além das duas resoluções destacadas por Luana, também ficou definido no GT de hoje a criação de uma comissão permanente de acompanhamento ao assédio com atendimento presencial pela coordenadora de saúde, Andreia Ramos, e online pelas coordenadoras Luana Lombardi e Ana Paula Machado. Além disso, a partir do resultado da formação sobre assédio feita pelo SINTUFEJUF em âmbito local, a pauta será encaminhada para a FASUBRA, para que juntamente com o jurídico da Federação seja construída uma política de enfrentamento ao assédio para ser discutida com o governo federal. Também foi encaminhada a elaboração de um e-book sobre assédio, a retomada mensal do GT Mulheres do SINTUFEJUF, com a próxima reunião na primeira quinzena de setembro e a participação da categoria na Marcha das Margaridas.

A coordenadora Andrea Ramos, destaca que em casos de assédio o SINTUFEJUF deve ser procurado pelas vítimas, para que haja auxílio e acolhimento nesse momento de fragilidade. A criação da Comissão é um passo fundamental na busca pela diminuição e externalização desse sofrimento e na luta pela extinção desse problema. “É muito difícil identificar o assédio, perceber que está passando por situações como essa no local de trabalho. Até pela forma como se manifesta, através de ‘piadinhas’ e a normalização de pequenos abusos na rotina. Às vezes não temos acolhimento nem de nossos amigos em casos de assédio. É muito difícil. Por isso é tão importante que tenhamos um grupo de acolhimento, que nos faça sentir confiança e segurança de vir para o sindicato fazer denúncias e tomarmos as atitudes cabíveis para acabar com isso”, explica.

Durante a reunião, muitas mulheres relataram casos de abusos sofridos em seus locais de trabalho. 

Apesar das pautas terem sido discutidas no GT de Mulheres, o assédio, sexual e moral, também acomete os homens. Assim, o grupo de enfrentamento não tem limitação de gênero. 

É necessária a mobilização de todas, todos e todes para que essa prática nefasta disseminada e normalizada, que está se aprofundando na instituição, não ocorra mais. Quem oprime não deve seguir tendo a última palavra e a manutenção de seus privilégios.

Marcha das Margaridas

Desde os anos 2000, mulheres trabalhadoras rurais do Brasil se manifestam pela busca dos seus direitos trabalhistas. Por isso foi criada a Marcha das Margaridas, que neste ano tem como tema: “Margaridas em Marcha pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver” e ocorre em Brasília nos dias 15 e 16 de agosto de 2023. Ela é um grande momento de animação, capacitação e mobilização das mulheres trabalhadoras rurais em todos os estados brasileiros, além de proporcionar uma reflexão sobre as condições de vida das mulheres do campo e da floresta

O mês de agosto foi escolhido para relembrar a morte da trabalhadora rural e líder sindicalista Margarida Maria Alves, assassinada em 12 de agosto de 1983, quando lutava pelos direitos dos trabalhadores na Paraíba.

A primeira edição da Marcha reuniu cerca de 20 mil agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras e extrativistas de todo o Brasil. A expectativa é que 100 mil mulheres participem em 2023.

Para a coordenadora geral do SINTUFEJUF, Maria Ângela Ferreira Costa, participar da Marcha é uma oportunidade de ganhar força através da coletividade. “É comum que a vítima de assédio pense que está sozinha, que o que aconteceu é um caso isolado, ou mesmo que não há nada que possa ser feito para mudar essa realidade. Em momentos como esse do GT e da Marcha, onde conversamos e trocamos experiências, saímos mais fortalecidas para o ambiente em que trabalhamos ou moramos. Além de ganharmos força para resistir a toda forma de exploração, como a da venda de nossa força de trabalho, de violência, como o assédio moral e sexual, e toda falta de perspectiva que esses problemas causam”.

Luana acrescenta que: “mesmo com as restrições financeiras do sindicato estamos enviando mulheres para Brasília para apoiar esse movimento, que é importantíssimo. Nele, vamos reivindicar que o marco temporal seja arquivado. Essa questão não pode existir. Dar direito às nossas companheiras indígenas e quilombolas do uso de seus territórios, elas que são donas das terras. E também lutar por soberania e segurança alimentar, lutar contra a violência do campo, principalmente das mulheres do campo que ainda sofrem muito. Nós estaremos lá para apoiar essa luta também”.

Para a coordenadora de esporte e lazer, Ana Paula Machado, participar do movimento, além de ser uma tradição, é importante para reformular as políticas internas do sindicato. “Queremos trazer essa discussão (sobre assédio) com muito mais força. Precisamos atacar fortemente o machismo, esse é um dos nossos maiores objetivos no momento, enquanto mulheres do sindicato. Sabemos que há muitos casos de assédio dentro do local de trabalho, por isso precisamos estar juntas como estivemos hoje. Conversar e saber que muitas de nós estamos passando por constrangimentos é fundamental para conseguirmos atacar esse problema.”  

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