XXIII CONFASUBRA

11/05/2018

Delegadas e delegados representantes das bases filiadas à Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil, Fasubra, de todo o Brasil, participaram da escolha da nova composição da Direção Nacional, para o triênio 2018-2021. A eleição aconteceu no último dia do XXIII CONFASUBRA, 11 de maio, das 9h às 14h30, horário prorrogado devido às atividades da véspera terem se estendido durante a madrugada, com a construção do Plano de Lutas.

Com 33,33% dos votos (369), a chapa 3, “Sonhar, Lutar”, conquistou nove cadeiras, sendo duas na coordenação geral. Em segundo lugar, a chapa 5, “Unir: Unidade, Resistência e Luta”, obteve 31,37% (334), conquistando oito cadeiras, sendo uma na coordenação geral. A chapa 1 “Fasubra Combativa, Livre e pela base”, obteve 14,55% (160), conquistando quatro cadeiras, a chapa 2 “CTB por uma Fasubra classista e de Luta”, com 13,62% (157), também conquistou quatro cadeiras, e a chapa 4, “Ressignificar a Fasubra pela Base”, com 7,12% (85), conquistou duas cadeiras.

De acordo com Adriana Stella, membro da chapa 1, o grupo, representado hoje dentro da Fasubra pela frente Base, Combate e PSLivre, faz crítica aos governos que passaram e atacaram a educação, o funcionalismo e a classe trabalhadora. “Não temos acordo com as políticas neoliberais que vem desde o Collor e FHC e se mantiveram no governo Lula e no governo Dilma. Então, nós nos unimos para fazer esse debate com a categoria, da necessidade em seguir na luta contra os ataques deste governo”, afirma. Para ela, a greve geral do ano passado, o ‘Ocupa Brasília’, e as diversas ações que a classe trabalhadora teve no último período, mostram que é possível avançar nas lutas e não recuar delas. “É por isso que as principais propostas nossas são a construção de uma greve geral, que una a classe trabalhadora para enfrentar esses ataques e derrubar definitivamente a Reforma da Previdência”. Adriana, espera que a próxima gestão da Fasubra seja combativa, livre e construída pela base. “Queremos reorganizar os trabalhadores pela base para essa combatividade, livre do pensamento que fica guardado na defesa dos campos dos governos que tem por aí, nós achamos que nós temos que ter independência total dos governos, das reitorias e autonomia em relação aos partidos. O que nós queremos é uma Fasubra combativa e que a base esteja presente, para que a gente possa construir esse trabalho, derrubar Temer e todos esses corruptos”, defende.

Em relação à chapa 2, Renato Jorge afirma que a CTB irá buscar a unidade dentro da Federação. “Não temos que tratar das divergências, mas dos consensos e nosso consenso hoje é que temos um governo golpista, temos a luta por paridade entre aposentados e ativos. Poderíamos tirar um conjunto de medidas que sejam unificadas das diversas correntes, e fazer a diferença em nossas categorias”, afirma. Segundo ele, a Fasubra tem um papel importante na defesa das universidades. “Não é só discussão salarial, buscamos garantir mais recursos para o SUS, e que os trabalhadores da universidade tenham um plano de capacitação e qualificação. Nós temos um conjunto de ações que entendemos que a CTB e a Fasubra devem encabeçar. É uma luta conjunta e nós precisamos enfrentar o desmonte do Estado. Há um corte muito acentuado nas universidades, o governo federal retirou muitos recursos. Vivemos hoje uma situação muito grave, com demissão de terceirizados, universidade que não consegue pagar conta de água, luz e não consegue funcionar, então nós estamos lutando para que a universidade possa sobreviver a essa crise do governo golpista do Temer” explica.

Representante da chapa 3, Antonio Neves Neto, Toninho,  defende que é preciso além de fazer uma luta direta contra o governo Temer, contra a retirada de direitos, fazer uma discussão específica da categoria, discutir a questão dos HUs, a carreira dos TAEs, a extinção da Ebserh, e cobrar do governo o cumprimento dos acordos estabelecidos no último período. “Espero que a Fasubra faça uma direção que possa retomar o protagonismo na luta frente ao serviço público, em defesa da Educação, e das universidades públicas. A chapa 3 reúne um conjunto de companheiros de diversos setores como o de mulheres, LGBTs, negros, aposentados, e uma juventude muito disposta a mudar a direção da Fasubra para que ela volte a ser a protagonista dentro do processo de lutas”, afirma Toninho.

Rafael dos Santos Pereira afirma que a proposta da chapa 4 é ressignificar a Fasubra de forma que ela possa ser representativa da categoria e não apenas de correntes políticas. “A gente apresentou propostas aqui para alterar o Estatuto, para corrigir distorções de representatividade da base, aproximar os sindicatos do cotidiano da Fasubra, do dia-a-dia das decisões, da Federação, afinal de contas a Fasubra é uma Federação e não um sindicato nacional”. Do ponto de vista mais geral, Rafael defende que a Fasubra organize os trabalhadores técnico-administrativos para lutar contra o golpe e contra as medidas implementadas a partir do golpe. “Nossa proposta é que a Fasubra esteja conectada com a base, não só a base militante, mas todo e qualquer trabalhador, para que possa se sentir representado na federação e fazer essa luta que é de todo mundo. Não apenas focar em questões corporativas, pois nenhum avanço será possível se o golpe for consolidado nas eleições de 2018”, diz Rafael.

Segundo Fernando Maranhão, representante da chapa 5, o coletivo “Unir” trabalha na defesa irrestrita da democracia. “Sofremos um golpe midiático, parlamentar e jurídico, nesse país e temos que buscar todos os espaços, para construir alternativas de resistência a essa onda conservadora”. Em relação às questões mais específicas da categoria, Maranhão destaca a defesa do PCCTAE, dos HUs, autonomia universitária e a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, além da revogação da Ebserh. “Nós do grupo ‘Unir’ temos um compromisso com a categoria. Nossa categoria já deu provas suficientes de que sempre vai para o embate, sempre sendo a vanguarda na construção de todo o processo de resistência. Estamos num período em que há um conservadorismo avançando em nosso país, há um governo ilegítimo que trabalha na perspectiva de retirar todos os nossos direitos. Temos que fortalecer o nosso campo de resistência, ter articulação com o conjunto dos servidores públicos, com o conjunto dos trabalhadores, dos movimentos sociais, para a gente resistir”, afirma.

A composição oficial da direção e do conselho fiscal em breve será divulgada pela Fasubra, e a posse será realizada no início de junho, em Plenária a ser agendada.

Confira também o Plano de Lutas da Fasubra para a segunda quinzena de maio e início de junho. (AQUI)

 

10 de Maio de 2018 – Quinto dia do XXIII Confasubra

 

Na manhã do quinto dia do XXIII CONFASUBRA, aconteceram as reuniões das mesas temáticas: Organização e Estrutura Sindical; Relações de Trabalho; 100 anos da Revolução Russa/Greve Geral de 1917 no Brasil/100 anos de Reforma Universitária Córdoba; Assuntos de Aposentadoria e Aposentados (as); Comunicação Contra Hegemônica; Estaduais; Raça e Etnia; Mulheres; LGBTI e Hospitais Universitários (HUs).

Já na parte da tarde, as delegações discutiram as propostas encaminhadas pelos grupos de discussão, que aconteceram na terça-feira, e incluíam mudanças no Estatuto, no Regimento Eleitoral e a construção de um plano de lutas, a partir da análise de conjuntura internacional, conjuntura nacional, educação, relações de trabalho, assuntos de aposentadoria, comunicação, estaduais, raça e etnia, mulheres, LGBT, organização sindical, hospitais universitários e alterações estatutárias. A mesa foi comandada pela coordenadora geral da Fasubra, Léia Oliveira, e pelo também coordenador geral, Rogério Marzolla. A primeira discussão foi em cima das mudanças no estatuto da Fasubra, isto porque, implicaria, automaticamente em mudanças regimentais. A primeira proposta aprovada, sem que houvesse destaques da plenária, foi incluir no Estatuto que a eleição para o Conselho Fiscal da Fasubra seja realizada no Congresso, junto com a eleição da nova coordenação. Também foi aprovada, sem objeções, a ampliação do número de coordenadores de 25 para 27, com a criação da pasta LGBT. A decisão foi comemorada pela plenária. Já a proposta de redução da direção para 15 membros, foi retirada.

 

 

Em relação à ampliação do mandato para três anos, houve divergência e a necessidade de debate. O coordenador de Estaduais e Municipais da Fasubra Antonio Alves Neto, e a coordenadora do Jurídico e relações de trabalho, Adriana Stella, defenderam a manutenção do mandato de 2 anos, isto porque, seria o tempo ideal para que a direção da Fasubra desenvolvesse seu trabalho. Além disso, a preocupação de ambos, era que, como nos últimos mandatos houve a necessidade de prorrogação, devido à coincidência de período de greve, se o mandato for de três anos, acabará eventualmente sendo prorrogado para 4, o que implicaria na “perpetuação de dirigentes no poder”. Além disso, Adriana defendeu também que, o mandato de dois anos possibilita um maior contato com a base. Segundo ela, o congresso não é apenas eleitoral, mas é o momento da categoria se reunir e discutir política e definir o rumo da direção.“Não fazer congresso com frequência é crime às bases. Precisamos sempre nos reunir e realizar muitas plenárias”, defende.

O coordenador de Educação da Fasubra Rafael dos Santos Pereira, e a delegada do SINTIFES-GO Fátima dos Reis (Fatinha), defenderam o mandato de 3 anos. Para eles, seria uma forma de oficializar o que já acontece com frequência. No entanto, eles defendem que sejam 3 anos improrrogáveis. Fatinha lembrou também que na maioria dos sindicatos de base da Fasubra, o mandato já é de 3 anos. Colocadas em votação, com 558 votos a 461, venceu a proposta de alteração para 3 anos.

Em seguida, teve início a leitura e aprovação do regimento eleitoral e ao longo da madrugada, aconteceu a leitura e aprovação do Plano de Lutas(confira). As chapas que disputariam a coordenação da Fasubra também foram definidas ao longo da madrugada: Chapa 1 – Fasubra Combativa, Livre e pela base; Chapa 2 – CTB por uma Fasubra classista e de Luta; Chapa 3 – Sonhar Lutar; Chapa 4 – Ressignificar a Fasubra pela Base; e Chapa 5 – Unir: Unidade, Resistência e Luta.

 

09 de Maio de 2018 – Quarto dia do XXIII Confasubra

 

 

A manhã desta quarta-feira, dia 09 de maio, foi dedicada ao debate sobre opressões, no XXIII Confasubra. As diretoras Eurídice Almeida e Ivanilda Reis, da coordenação da Mulher Trabalhadora, mediaram as discussões. Beatriz Luz da Silva, advogada criminalista e especializada em direito administrativo, foi a primeira convidada a falar. Mestre em direitos humanos e cidadania pela UNB, especializada em direito público, coordenadora geral de ações de prevenção a violência em Segurança Pública do Ministério da Justiça, Beatriz é também pesquisadora na área de gênero, opressão e direitos humanos. Segundo ela, é preciso refletir sobre o porquê o Brasil e o mundo estão em um momento de retrocesso. A opressão de gênero, raça, etnia, LGBT esteve presente desde sempre na sociedade. Nos últimos anos houveram avanços, seguidos de crescente retrocesso. Essa realidade, conforme Beatriz, se demonstra a partir da ascensão da direita no mundo. Retrato disso, é o governo Donald Trump. As pessoas sentem na pele e na carne o que é essa opressão. Há um movimento de caráter fascista que tem como finalidade o extermínio das “minorias”. “Os grupos mais vulneráveis sofrem, mas em razão de marcadores sociais, como raça, gênero, classe social, representação política, perdas de direito, violação de direitos. A violência atinge a sociedade como um todo, mas não da mesma forma. É preciso compreender que, mesmo entre as mulheres, algumas sofrem opressões que outras não” avalia. Beatriz chama atenção de que a distribuição do luto na sociedade é desigual. Algumas vítimas conquistam mais comoção que outras, e aponta o papel da mídia na construção desta ideia. “É neste cenário que insurge a ideia de que bandido bom é bandido morto” explica. A advogada critica a comemoração de parte da sociedade com a prisão do ex-presidente Lula, o que para ela, reflete um comportamento abaixo do marco civilizatório. Segundo ela, está cada vez mais difícil fazer a defesa de pessoas que muitas vezes não cometeram nenhum crime.

Militante do Movimento HipHop “Quilombo Brasil”, membro da SNNO do PSTU e Professor de História, Hertz da Conceição Dias foi o segundo convidado. Conforme ele, o tema “opressões” pode contribuir com a questão da polarização social no mundo. Mesmo quando parte das conquistas chegam ao proletariado, os primeiros setores atacados são os oprimidos. Hertz lembra que no dia 13 de maio completam 130 anos da abolição da escravatura, e já são 30 anos da constituição cidadã. O Brasil foi o país que mais importou africanos escravizados no mundo, e a Constituição de 88 representa minimamente uma reparação para o povo. “Saímos da ditadura, mas entramos na democracia burguesa, burguesia esta que nasceu de cerca de 150 anos de escravidão. Hoje, o poder está nas mãos da casa grande”, explica.

Yone Maria Gonzaga, doutora em Educação pela FAE-UFMG, TAE da UFMG, militante do movimento negro e feminista em Belo Horizonte, definiu opressão como ato de diminuição do cidadão. Atualmente, Yone é superintendente de políticas afirmativas e articulação institucional da secretaria de estado de direitos humanos de Minas Gerais. Para ela somente será possível avançar para desconstruir a opressão, a partir do momento que mudarmos dentro dos lugares em que estamos. Ela citou alguns exemplos retirados de sua dissertação na UFMG, que caracterizam a opressão dentro da instituição. Na primeira, ela destaca que o técnico-administrativo é invisibilizado da capacidade de produção de conhecimento e saber, na segunda, ela cita opressão vivida por trabalhadoras do restaurante universitário, ao serem questionadas por um médico residente, delas, enquanto serviçais, fazerem as refeições antes de todos.

Nos Hospitais Universitário, é possível verificar que o nível de opressões aumentou significativamente após a entrada da Ebserh. Atualmente, a base da categoria possui um quantitativo grande de pessoas negras, o que tende a diminuir a partir do momento em que os cargos A e B começam a ser extintos,  e que negras e negros são minorias nos ingresso de curso superior e pós graduação. Por isso, Yone defende a necessidade das cotas.

Jupiara Gonçalves de Castro, ex. diretora da Fasubra, fundadora do núcleo de consciência negra na USP e representante da FASUBRA no Conselho Nacional de Saúde fez um resgate da história da Federação. Em 1991, durante um congresso em Curitiba, foi aproada a carta de intenção para discussão étnica, racial. Em 1992, no Mineirinho, após negros e negras esvaziarem a plenária e realizarem uma reunião do lado de fora, reivindicando uma chapa negra, foi criada na federação uma pasta de política social e antirracismo.

De acordo com Jupiara, além do racismo, vivemos outras opressões. Desta forma, o debate é necessário não somente para formar políticas para a sociedade, mas para nos transformar. “Não há luta pelo socialismo e tomada de poder se não nos reeducarmos”. Para ela, e preciso também discutir a redemocratização da universidade. Negras e negros são sujeitos da história, construíram o país e contribuíram com a tecnologia. Ela afirma a necessidade de unir os trabalhadores para fazer os enfrentamentos ao governo.

Conhecida como “Lumusi Munzanzu”, a palestrante Lucimara da Silva, técnica-administrativa da UFBA, médica veterinária e mestre em Ética em Pesquisa, valia que todas as falas na avaliação de conjuntura destacaram a situação que o país vive a política internacional. “O golpe não foi apenas nos trabalhadores brasileiros, mas no mundo. Por isso, é fundamental assinar a carta internacional de lutas”, afirma.

De acordo com ela, muitos de nós temos trajetórias adversas. “Somos muitos e muitas e não somos todos iguais”. Mesmo dentro do feminismo existe diversidade e peculiaridades. A mulher negra, por exemplo, sofre opressões de gênero, raça e classe. O conceito de vulnerabilidade diz respeito a qualquer pessoa, uma vez que todos são vulneráveis, pois podem sofrer e morrer. Mas não se pode ignorar que a matriz ideológica da sociedade que vivemos é machista, racista e patriarcal. Sendo assim, existem diversas formas de discriminação que perpetuam na sociedade, e o opressor escolhe determinadas características para oprimir.

Encerrando a mesa, Mariana Lopes, doutoranda em História pela UFU e técnico-administrativa na UFG, feminista e militante da Resistência do PSOL, desceu do palco e dialogou em pé com a plenária. Segundo ela, a disposição da plenária com a mesa no tablado é ofensiva, o ideal seria uma grande roda, em que pudesse olhar nos olhos de cada um. Ela criticou também que a pauta de opressões seja o último debate da plenária, o que contribui ainda mais para a invisibilidade. Para ela, é preciso avançar e entender que existem diferenças que precisam ser tratadas em espaços específicos.

Ela esclareceu que no Encontro de Mulheres da Fasubra, ocorrido em março, foi defendido que aquele espaço seria exclusivamente feminino, uma vez que era o momento das mulheres exporem situações específicas. Isto porque existem muitos casos em que a técnico-administrativa é assediada e até mesmo estuprada por colegas de trabalho. Sendo assim, se o espaço fosse aberto aos homens, estas poderiam ficar inibidas para falar. Mariana destacou também que o feminismo é protagonismo da mulher, e que portanto não existe homem feminista, e sim, apoiadores do feminismo.

Cada palestrante teve 20 minutos para fala, em seguida, foram sorteados 20 delegados para intervenções. A coordenadora do Sintufejuf e dirigente da Fasubra, Maria Angela Costa foi uma das sorteadas. Ela falou sobre a necessidade de refletir sobre o que leva as pessoas a se incomodarem com o diferente, uma vez que todos nós somos diferentes. Segundo ela, o crime de ódio é o que mais cresce no mundo e no Brasil. Maria Angela criticou a data colocada pelo congresso para o debate de opressões, e o pouco espaço reservado para um assunto importante. Sem haver nenhuma outra atividade para esta quarta-feira, a plenária já estava esvaziada. Ela chamou atenção também para a falta de acessibilidade no Congresso, e destacou a ausência de material em braile e intérprete em libra. Após a fala dos delegados, os palestrantes tiveram cinco minutos cada para conclusão.

08 de Maio de 2018 – Terceiro dia do XXIII Confasubra

Universidades, Direitos Sociais, Democracia e Hospitais Universitários: este foi o tema da mesa de debates que aconteceu na manhã desta terceira feira, 08 de maio, no terceiro dia do XXIII Confasubra. A mesa, que inicialmente era composta somente por homens, após reivindicação do movimento de mulheres da Fasubra, com a participação da coordenadora geral do Sintufejuf e dirigente da Fasubra, Maria Angela Costa, foi recomposta, e as mulheres se tornaram a grande maioria de integrantes. O processo teve início na fala do companheiro Mário Jr, de Uberlândia, que anunciou sua retirada da mesa para que Berna Menezes (UFRGS) assumisse a cadeira e coordenasse o debate. Desta forma, fizeram parte da mesa  Janine Teixeira (UFES), a coordenadora geral da Fasubra Leia Oliveira (UFMT), João Paulo Ribeiro (CTB), Gecira Di Fiori (UFSM) e Melissa Santos (Sintunifesp).

á na parte da tarde, os delegados do XXIII Confasubra se dividiram em onze grupos de trabalho, todos eles para debater os mesmos temas: Conjuntura internacional, conjuntura nacional, educação, relações de trabalho, assuntos de aposentadoria, comunicação, estaduais, raça e etnia, mulheres LGBTI, organização sindical, hospitais universitários, alterações estatutárias. Cada delegado poderia se inscrever nos temas de interesse, e propor resoluções.

De acordo com a delegada Bethania, os dois temas mais recorrentes no grupo de trabalho que participou foram o sucateamento dos Hospitais Universitários a partir da Ebserh e o assédio moral, que, segundo ela, suscita outras questões, como a assistência a saúde mental do servidor.

A conjuntura política também foi abordada no grupo.”A preocupação que ficou clara entre a maioria é que a questão é muito além da política, mas da perda das garantias e direitos dos cidadãos, o que representa também o sucateamento da democracia”, avalia.

O grupo de trabalho que o delegado Heronides Meireles participou enfatizou o debate da Ebserh colocando seus problemas, angústias, falta de reconhecimento da classe trabalhadora, seus ataques, e caracterizou que de fato, a Ebserh não é solução. Em relação às alterações estatutárias da Fasubra, segundo Heronides, o grupo defendeu que  a Fasubra precisa se tornar mais voltada para a classe trabalhadora e menos política partidária.

“Nossa proposta do regimento, do meu campo político, fala da questão do congresso, de passar a direção da Fasubra para três anos e mudar a forma de escolher delegados”, opina Heronides. Ele conta ainda que houve um questionamento de um campo político contra a lógica do ‘Lula Livre’, achando que o momento não era esse, em contrapartida, a maioria acredita que ‘Lula Livre’ seja a solução para este momento, ‘Lula livre é o reajuste’, é o direito dos trabalhadores.

Segundo Janemar Melandre, no grupo dez, o tema foi aberto para debate. “Eu falei sobre a flexibilização dentro dos hospitais universitários, sabendo que não é apenas na UFJF, mas em todos os hospitais. Desta forma, nossa proposta é que a Fasubra veja com o MEC o que pode ser feito em cima dos hospitais universitários, mudando a legislação que proíbe plantões de 12 horas”, conta.

Paulo Dimas esteve o mesmo grupo que Janemar. “Em minha fala eu pedi que a Fasubra resgate a nossa data base, que desde 2001, na época do governo FHC, que a gente não tem notícias. Em todos esses anos, vários governos passaram, tivemos pequenos reajustes salariais, plano de carreira, mas data base ainda não tem. Durante os 8 anos do governo FHC o reajuste do salário mínimo ultrapassava o salário dos servidores da universidade, consertou com a isonomia, nos governos Lula e Dilma. Se hoje a gente não brigar por data base, em breve, grande parte da nossa categoria está ganhando salário mínimo de novo”, explica.

Igor Coelho compôs a mesa do GT que participou. “Foi uma discussão boa, o tempo foi curto, poderia ser maior, foram muitos encaminhamentos, com relação a carreira aos hospitais universitários, 30 horas, planos de lutas, greve geral, o que faltou foi tempo, eram muitos temas em pouco espaço de tempo”.

No grupo de Mariluce Jacob, todos os delegados que se inscreveram para falar, segundo ela, defenderam o reajuste da categoria, flexibilização, HUs, contra a EBSERH. Na ocasião, foi aprovada a proposta que ainda neste semestre, a Federação apresente um documento para o governo cobrando efetivamente o reajuste da categoria. O grupo entendeu que é preciso conscientizar e mobilizar a categoria para a greve. Mariluce também apresentou suas propostas para o grupo. “Sugeri que a federação apresente um documento contra a extinção dos cargos, e falei sobre a flexibilização na UFJF, além de sugerir a criação de uma comissão de proteção às vítimas de assédio moral”, conta Mariluce.

Para Eliane Souza, o que mais chamou atenção no grupo que participou foi o depoimento de uma companheira. Esta fez uma demanda para que a Fasubra possa interferir junto às universidades para que os técnico-administrativos possam usar os nomes sociais e vestimentas de acordo com o entendimento que eles têm de seu gênero. Isto porque na universidade em que ela trabalha, os homens são proibidos de usar saia.

A proposta apresentada por Eliane, diz respeito a questão racial. “Este ano completam 130 anos da abolição da escravatura, minha fala foi neste sentido. Passamos pelo dia 8 de março sem mencionar que a conquista do voto feminino não contemplou a mulher negra, uma vez que a escravidão no Brasil ainda não havia sido abolida. Também passou o 21 de março, dia de combate a discriminação racial, o dia 01 de maio, e a situação racial passou invisível. O dia 13 de maio está chegando (dia da Abolição da escravatura). A minha proposta foi o pedido de aprovação de um seminário pela Fasubra ‘Vidas negras importam’, para que a gente possa fazer uma discussão sobre o racismo estrutural e a desigualdade racial no Brasil, o feminismo negro e o genocídio da juventude negra”, sugere.

Na última mesa desta terça-feira, a plenária aprovou as contas e o parecer fiscal da Fasubra. Na ocasião foram apresentados gráficos com as despesas e receitas da Federação, apontados os problemas e as soluções sugeridas pelos conselheiros para reduzir despesas.

A delegada do Sintufejuf, Mariluce Jacob sugeriu que a prestação discriminasse melhor o que representava cada gasto, para ter maior transparência.  A técnica-administrativa questionou também o motivo pelo Confasubra ser realizado em Poços de Caldas. Segundo a mesa, para fazer o detalhamento completo seria necessário um congresso exclusivo, mas que existe na Federação este documento para consulta. Em relação à localidade do Congresso, o coordenador Rolando Malvásio respondeu que é feita uma cotação, e que o complexo hoteleiro de Poços de Caldas sempre oferece valores imbatíveis.

Todos os documentos referentes aos gráficos apresentados estão disponíveis no site da Faubra.

 

07 de Maio de 2018 – Segundo dia do XXIII Confasubra

O segundo dia do XXIII Confasubra começou com as reuniões para discussão das teses enviadas ao Congresso. No primeiro dia, durante a abertura, representantes de cada tese fizeram a apresentação das suas propostas e na manhã do segundo dia cada tese foi discutida de forma mais ampla, em reuniões que aconteceram simultaneamente. As teses reúnem análises de conjuntura e propostas locais, estaduais, nacionais e internacionais. Ao todo foram enviadas dez teses ao XXIII Confasubra, todas disponíveis AQUI. As discussões foram acaloradas, porém todas e todos defenderam a construção da unidade para barrar o governo Temer e suas contrarreformas.

À tarde, na mesa sobre a conjuntura nacional e internacional, foram apontados especialmente os perigos do fascismo. A necessidade de desconstrução dos discursos fascistas e a manutenção da resistência contra os ataques neoliberalistas à classe trabalhadora foi consenso nas falas dos palestrantes na tarde do segundo dia do XXIII Confasubra, 07 de maio. A mesa “Conjuntura Nacional e Internacional” foi composta pelo representante da CTB Adalberto Tavares, o professor e líder do PSOL, Valério Arcary, a dirigente nacional da Intersindical, Bernadete Menezes (Berna), a presidenta da CUT MG, Beatriz Cerqueira e o membro da direção da Fasubra, Pedro Rosa Cabral. A ordem das falas aconteceu por sorteio. Cada palestrante teve 20 minutos para expor suas ideias, e após as intervenções dos delegados presentes, mais cinco minutos para as considerações finais.

Para Adalberto Tavares (CTB), diante da atual conjuntura de projetos que atacam a classe trabalhadora, o fascismo, que até então existia de maneira discreta, ganhou as mídias, acompanhado dos discursos de banalização da luta da classe trabalhadora. Diante deste contexto, o congresso precisa construir a unidade, e o encaminhamento correto, com sabedoria, para derrotar esses discursos. Segundo ele, os ataques no Brasil não acontecem de forma isolada, mas em toda a América Latina.

O professor Valério Arcary (PSOL) lembrou que nos últimos dois anos, os trabalhadores foram atropelados pelas forças conservadoras. Isto porque a burguesia não aceita a reforma do capital brasileiro. Ele avalia que as teses apresentadas no congresso possuem poucas diferenças, o que significa que, na visão de todos os coletivos, os inimigos são os mesmos: o governo Temer e o neofascismo. E para enfrentar o inimigo, é necessário perder o medo e avançar nas lutas trabalhistas. A ampla maioria dos trabalhadores concorda com a necessidade de reagir, no entanto, Valério afirma que a mobilização só existe quando se acredita na vitória. “Quem não sabe contra quem lutar, não pode vencer” diz Valério. O professor lamenta o assassinato de Marielle Franco e a prisão do ex-presidente Lula. “Os fascistas não lutam com argumentos, usam a força e a perseguição”, explica.

Berna Menezes (Intersindical) defende o serviço público como patrimônio. “Vivemos uma situação complexa, o golpe existente no Brasil possui outras características diferentes do golpe militar. Lutar contra o fascismo é fundamental”. Para Berna, enquanto o fascismo dissemina o ódio, o papel da esquerda é semear a esperança. Conforme ela, trata-se de um processo para a retirada de direitos trabalhistas. Ela questiona por que não implantar a jornada de 30h e possibilitar que mais pessoas trabalhem, num país onde são 14 milhões de desempregados.

Segundo Beatriz Cerqueira (CUT-MG), ao apresentar elementos da conjuntura e realizar uma leitura da realidade, se não houver um diagnóstico correto do inimigo que deve ser identificado, diante de um momento muito grave em que o país vive, quem perde é a classe trabalhadora. Ela afirma a necessidade de fazer a luta imediatamente. Para Beatriz o projeto em curso no Brasil é um projeto que nos exclui. Os serviços públicos estão cada vez mais precarizados pelo Estado com o objetivo de justificar as privatizações. Ela afirme que, completados 50 dias da morte de Marielle Franco, 39 dias da prisão do padre Amaro e 30 dias da prisão de Lula, não compreender o ódio que está sendo disseminado às massas é preocupante.

O último palestrante, Pedro Rosa Cabral (direção da FASUBRA), falou sobre a grande expectativa na base da categoria para o congresso, de todo o funcionalismo público. O coordenador da Fasubra relembra que a categoria entrou em greve contra os governos Lula, Dilma e Temer. Em 2017, a greve dos técnico-administrativos conseguiu derrubar a Reforma da Previdência, exemplo da capacidade de resistência e de luta da categoria. Pedro Rosa alerta que o Confasubra está acontecendo durante a campanha salarial. Desta forma, é possível sair do congresso com uma data marcada para iniciar a greve da categoria.

 

116 de Maio de 2018 – Primeiro dia do XXIII Confasubra

 

Teve início no último domingo, 6 de maio de 2018, o XXIII Congresso da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil – CONFASUBRA, em Poços de Caldas (MG). O Congresso é a instância máxima de deliberação da categoria e serve para discutir as pautas e a organização da Fasubra, eleger a Direção Nacional da Federação e organizar a luta da categoria para os anos de 2018 e 2019.

A quantidade de entidades de base que estão participando do Congresso foi superior à previsão da Fasubra, chegando a mais de 50 entidades, com mais de mil delegados e delegadas credenciados. O Sintufejuf está participando do XXIII Confasubra com uma delegação completa, de 25 delegados e delegadas, tanto de Juiz de Fora quanto Governador Valadares.

Na mesa de abertura fizeram falas Gibran Ramos Jordão, Léia de Souza Oliveira e Rogério Fagundes Marzola, coordenadores gerais da Fasubra. Todas e todos foram recebidos com boas vindas da direção e foi apresentado o regimento interno do XXIII Confasubra. A mesa decidiu por dar ao Congresso o nome do companheiro Paulo Henrique Rodrigues dos Santos (PH), que faleceu em Janeiro de 2018. Todas as falas mencionaram a precarização das universidades públicas brasileiras e as consequências da terceirização, frisando a falta de pagamento dos profissionais terceirizados. Representantes das teses enviadas ao XXIII Confasubra (disponíveis aqui) tiveram 8 minutos para apresentar as teses.

Parte da mesa de abertura foi transmitida ao vivo pelo Facebook da Fasubra Sindical e pode ser acessada AQUI.

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